Começa julgamento da opositora bielorrussa Maria Kolesnikova
Moscou, 4 Ago 2021 (AFP) - O julgamento de Maria Kolesnikova, uma das figuras de destaque dos protestos de 2020 em Belarus - acusada de tentar derrubar o regime do presidente Alexander Lukashenko -, começou a portas fechadas, nesta quarta-feira (4), em Minsk.
Presa há dez meses, Kolesnikova é julgada juntamente ao seu advogado Maxime Znak, segundo a agência pública de notícias Belta.
Se forem condenados, poderão enfrentar penas de até 12 anos de prisão por "conspiração para tomar o poder", e de até 7 anos de prisão, por incitação a ações que atentam contra a segurança nacional".
Em um vídeo gravado dentro do tribunal, Kolesnikova, que usa um vestido preto e batom vermelho, aparece dançando e sorrindo ao lado de Znak no banco dos réus.
Este julgamento acontece em meio ao aumento da repressão por parte do presidente Lukashenko, que se esforça para punir os participantes e organizadores do protesto ocorrido no verão e no outono passados, e que reuniu dezenas de milhares de pessoas que denunciavam a reeleição fraudulenta do presidente.
Na página de Kolesnikova no Facebook, administrada por seus simpatizantes, foi publicado um vídeo do pai dela, no qual dizia que a opositora lhe escreveu, dizendo que "usaria seu vestido favorito e seu insubstituível batom" na audiência.
"Me anima o fato de que se mantenha positiva apesar destas circunstâncias", afirmou.
Maria Kolesnikova foi presa em setembro, após resistir a uma tentativa de deportação forçada.
A opositora afirma ter sido sequestrada pelos serviços especiais bielorrussos (KGB), que teriam colocado um saco em sua cabeça para levá-la até a fronteira com a Ucrânia. Ela então teria pulado de uma janela e rasgado seu passaporte, recusando-se a deixar seu país, o que a levou a ser presa.
Kolesnikova e seu advogado trabalharam para Viktor Babaryko, rival do presidente bielorrusso recentemente condenado a 14 anos de prisão por "fraude".
Eles faziam parte de um Conselho de Coordenação de sete membros estabelecido após a eleição presidencial de agosto de 2020, com o objetivo de organizar uma transição pacífica de poder.
Maria Kolesnikova fez parte do trio de mulheres impulsionadas à liderança do movimento de protesto, junto com Svetlana Tikhanóvskaya, candidata à presidência no lugar de seu marido preso, e Veronika Tsepkalo. Pressionadas pelas autoridades, as duas últimas fugiram do país.
Milhares de manifestantes e oponentes foram presos, ou forçados ao exílio desde o outono de 2020. O governo de Belarus também é acusado de perseguir quem fugiu do país.
apo/alf/mab/me/tt/mvv
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