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ONU diz que limitar o aquecimento a 1,5ºC é 'impossível' sem grandes ações

A redução temporária nas emissões de carbono provocada pela pandemia não conseguiu frear o aquecimento - Xurzon/Getty Images/iStockphoto
A redução temporária nas emissões de carbono provocada pela pandemia não conseguiu frear o aquecimento Imagem: Xurzon/Getty Images/iStockphoto

Em Genebra

16/09/2021 07h21

Um novo relatório sobre a mudança climática publicado hoje destaca que limitar o aquecimento global a 1,5 °C será impossível sem um freio imediato e em larga escala das emissões de gases do efeito estufa, advertiu o secretário-geral da ONU.

O relatório Unidos na Ciência 2021, publicado por um conjunto de agências da ONU e parceiros científicos pouco antes da reunião de cúpula do clima COP26, alerta que a mudança climática e seus impactos estão acelerando.

A redução temporária nas emissões de carbono provocada pela pandemia de covid-19 não conseguiu frear o aquecimento, informa o documento.

O Acordo de Paris de 2015, anunciado após a reunião COP21, estabeleceu como limite um aquecimento global abaixo de 2 graus centígrados na comparação com os nível pré-industrial e, se possível de 1,5 °C.

Porém, "a menos que aconteça redução imediata, rápida e em larga escala das emissões dos gases do efeito estufa, limitar o aquecimento a 1,5 °C será impossível, o que terá consequências catastróficas para as pessoas e o planeta", advertiu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Na introdução do relatório, Guterres afirma que as descobertas do relatório constituem "uma avaliação alarmante de como estamos longe" de cumprir o Acordo de Paris.

"Este ano as emissões de combustíveis fósseis voltaram a subir, a concentração de gases do efeito estufa continua aumentando e alguns episódios meteorológicos graves acentuados pelo homem afetaram a saúde e as vidas em cada continente", completou.

O texto foi publicado a poucas semanas do início da conferência sobre a mudança climática COP26, que acontecerá em Glasgow (Reino Unido) de 31 de outubro a 12 de novembro.

Pandemia, um efeito limitado

Embora as emissões de gases do efeito estufa tenham registrado queda de 5,6% em 2020 devido à pandemia e à desaceleração econômica, os níveis retornaram aos índices de 2019 após o aumento nos primeiros sete meses de 2021 em todos os setores, com exceção da aviação e transporte marítimo.

O relatório também destaca que as concentrações dos principais gases do efeito estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) continuaram aumentando em 2020 e 2021.

A redução global de emissões em 2020 foi "muito pequena", afirma.

A temperatura média na superfície do planeta entre 2017 e 2021 é calculada entre 1,06 °C e 1,26 °C acima do nível pré-industrial (1850-1900), indica o estudo.

Os especialistas calculam que existe 40% de possibilidades de que, em algum dos próximos cinco anos, supere 1,5 °C de temperatura média no planeta em comparação com a era pré-industrial.

Guterres afirmou que o planeta está em um "ponto de inflexão" e que o relatório mostra que "estamos realmente sem tempo".

Meta de emissão zero

A temperatura máxima histórica no Canadá foi registrada em junho, quando o termômetro marcou 49,6 graus em Lytton, na Colúmbia Britânica.

Embora a onda de calor que atingiu o noroeste do Pacífico em 2021 tenha sido um evento raro ou extremamente raro, seria "virtualmente impossível sem a mudança climática causada pelo homem", afirma o relatório.

Os especialistas afirmam que a ação humana também "aumentou a probabilidade e intensidade de fenômenos" como as inundações mortais de julho na Alemanha.

O estudo elogia o crescente número de países que estabeleceram o objetivo de emissão zero, com quase 63% das emissões globais agora cobertas por essas metas.

Mas destaca que são necessárias mais ações até 2030 para que os objetivos sejam viáveis e confiáveis.

"Espero que todas essas questões sejam abordadas e resolvidas na COP26. Nosso futuro está em jogo", afirmou Guterres.