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Armin Laschet, a fênix da política alemã

27/09/2021 07h11

Berlim, 27 Set 2021 (AFP) - Dado como vencido em várias ocasiões, o conservador Armin Laschet, candidato do partido de Angela Merkel para sucedê-la como chanceler, sempre conseguiu renascer das cinzas como a fênix.

E inclusive após o revés de sua formação nas legislativas deste domingo, espera fazer jus à sua reputação e tentar, apesar da baixa popularidade, suceder Merkel, com quem compartilha a linha centrista e pró-europeia.

Neste domingo, seu partido, a União Democrata-cristã (CDU) com sua aliada bávara, a CSU, sofreu um revés histórico: foi relegado ao segundo lugar nas eleições legislativas, com 24,5% dos votos, segundo as estimativas, atrás dos social-democratas, que teriam obtido cerca de 26%.

Uma queda atribuída em parte à campanha de Armin Laschet, salpicada de gafes.

"Faremos o que pudermos para construir um governo chefiado pela União" CDU-CSU, afirmou o candidato democrata-cristão, um mestre na superação política.

Aritmeticamente, ele tem a possibilidade no Parlamento, o que lhe permitiria suceder Angela Merkel na chancelaria, embora comece em desvantagem em relação aos social-democratas.

- "Armin, o turco"-Laschet é considerado um herdeiro natural da atual chanceler, que é claramente seu modelo político.

Este pai de três filhos é um "pró-europeu entusiasmado" e foi um dos poucos que a apoiou sem reservas na decisão de receber centenas de milhares de migrantes da Síria e Afeganistão em 2015.

Suas convicções sobre o tema são antigas. A ampla política de integração quando era ministro regional em 2005 rendeu o apelido de "Armin, o turco" dentro da CDU.

A diversidade étnica "não é uma ameaça, e sim um desafio e uma oportunidade", declarou em 2009.

Armin Laschet nasceu em fevereiro de 1961 em uma família modesta de Aachen, na região de Renânia do Norte-Westfalia, que governa desde 2017.

Seu pai começou a carreira como trabalhador do setor de mineração e se tornou professor. "Ele mostrou que trabalhar vale a pena, que a ascensão social é possível", afirma em uma autobiografia.

Católico fervoroso, Laschet conheceu a esposa no coral da igreja, estudou Direito e trabalhou como jornalista antes de entrar para a política.

Após cinco anos no Bundestag, ele foi eurodeputado, entre 1999 e 2005, especializado em política internacional e questões de segurança.

Laschet foi apontado como um perdedor em muitas ocasiões, mas surpreendeu por sua resistência.

Em janeiro conquistou a presidência da CDU e em abril a candidatura da direita ao superar o popular líder do pequeno partido bávaro CSU, Markus Söder, depois de uma batalha interna feroz.

- Gafes e risadas -Ele se aproveitou depois das gafes da candidata do Partido Verde, Annalena Baerbock, que liderava as pesquisas, para recuperar espaço. Laschet apresenta um programa eleitoral pouco definido, mas tranquilizador, algo que se conecta com o credo de Merkel de não fazer experimentos em período de campanha eleitoral.

Mas as inundações no oeste da Alemanha em julho, que deixaram quase 180 mortos, incluindo 50 na região que ele governa, desafiaram suas qualidades para administrar uma crise.

E, como durante a pandemia, se distinguiu por uma incrível falta de habilidade social.

Entrevistado por uma jornalista sobre a possibilidade de adotar medidas mais enérgicas contra a mudança climática, considerada em parte responsável pelas inundações, ele respondeu: "Desculpe, senhorita. Não é porque isto aconteceu que devemos mudar de política", o que lhe rendeu muitas críticas nas redes sociais, tanto pelo tom condescendente como pelo conteúdo da resposta.

Depois, durante uma cerimônia de homenagem às vítimas das inundações, uma imagem provocou choque na Alemanha. Laschet, em segundo plano atrás do presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, apareceu dando risadas.

Além disso, ele teve que reconhecer "erros" após as acusações de plágio por um livro escrito em 2009.

Cada vez que pede perdão ele cai nas pesquisas de intenção de voto e muitos duvidam que ele conseguirá reverter a tendência.

A tal ponto que Angela Merkel, que se manteve à margem da campanha, sair para apoiá-lo, multiplicando as aparições ao seu lado em vários comícios. Valendo-se deste apoio, Laschet advertiu a seus adversários: não devem subestimá-lo.

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