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Líder norte-coreano Kim Jong Un recusa oferta de diálogo dos EUA

29/09/2021 21h46

Seul, 30 Set 2021 (AFP) - O líder norte-coreano, Kim Jong Un, tachou as ofertas de diálogo dos Estados Unidos como uma "fachada" e acusou o governo do presidente Joe Biden de manter as políticas hostis contra seu país.

Os contatos entre os dois países, iniciados sob o mandato de Donald Trump, foram interrompidos em 2019 após o fracasso da segunda cúpula entre o presidente republicano e o líder norte-coreano em Hanói, Vietnã.

Desde que chegou à Casa Branca, o governo de Joe Biden tem oferecido reiteradamente ao isolado regime comunista um encontro em qualquer lugar, a qualquer momento e sem condições prévias.

Kim criticou estas propostas como "nada além de uma fachada para mascarar sua mentira e seus atos hostis, e uma extensão da política hostil das administrações anteriores", segundo o jornal oficial Rodong Sinmun.

Com a chegada de Biden, "a ameaça militar americana e a política hostil para conosco não mudaram em absoluto, mas se tornaram mais maliciosas", disse Kim durante um longo discurso à Assembleia Suprema do Povo, o Parlamento de partido único norte-coreano nesta quinta-feira (noite de quarta, 29, no Brasil).

A Coreia do Norte, dotada de armamento nuclear, deixou passar o tempo nos últimos meses, estudando os movimentos da nova administração americana ao mesmo tempo em que se concentrou em assuntos internos.

O empobrecido país asiático se auto-impôs um bloqueio no começo de 2020 para se proteger da pandemia do coronavírus, o que castigou ainda mais sua economia e reduziu ao mínimo seu comércio com a China, seu principal sustento.

- Testes militares -O regime comunista parece ter emergido da letargia nas últimas semanas, nas quais tanto ele quanto seu vizinho do sul exibiram com pompa as inovações tecnológicas de seu armamento.

Na quarta-feira, Pyongyang assegurou que tinha testado com êxito um míssil hipersônico, um artefato muito mais ágil e rápido do que os convencionais, e também mais difícil de ser interceptado pelos sistemas de defesa.

A Coreia do Sul, por sua vez, também está destinando importantes partes de seu orçamento a melhorar suas capacidades militares diante da ameaça do vizinho.

Neste mês, Seul anunciou o primeiro teste bem sucedido de mísseis lançados de um submarino (SLBM), uma tecnologia disponível apenas em um punhado de países, e apresentou seu terceiro submarino capaz de carregar estes projéteis.

Resoluções do Conselho de Segurança da ONU proibiram o programa de armamento nuclear e mísseis balísticos impulsionado por Kim Jong Un na Coreia do Norte, um país sujeito a muitas sanções internacionais como consequência disso.

Os Estados Unidos condenaram os recentes lançamentos de Pyongyang, mas nesta quarta-feira reiterou sua oferta através de seu enviado para a Coreia do Norte.

"Estamos firmemente comprometidos em encontrar uma via diplomática para completar a desnuclearização da península da Coreia (...) Isso não mudou em absoluto", disse Sung Kim a jornalistas.

"Realizamos várias aproximações com a República Popular Democrática da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte) e propusemos diálogo em um amplo espectro de questões, mas não tivemos resposta. Esperamos tê-la em breve", acrescentou.

- Linhas de comunicação com Seul -O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai se reunir nesta quinta-feira para analisar a situação da Coreia do Norte a pedido de Estados Unidos, França e Reino Unido, informaram diplomatas à AFP.

Pyongyang não dá sinais de querer se desvincular do seu arsenal, que considera necessário para se defender dos Estados Unidos.

"A crise mais fundamental que destroça os princípios básicos da paz internacional e a estabilidade é o abuso de poder e a coerção dos Estados Unidos e seus seguidores", disse Kim.

O dirigente norte-coreano mostrou-se mais comedido com a Coreia do Sul, cujo presidente, Moon Jae-in, propôs este mês nas Nações Unidas pôr fim oficial à guerra entre os dois países (1950-1953), encerrada com uma trégua e não um tratado de paz.

Kim lamentou que Seul "ainda siga os Estados Unidos" e destacou que, para terminar com o conflito, "deve ser garantido o respeito mútuo e que se abandonem as visões injustas e os duplos padrões".

Expressou, ainda, o desejo de restabelecer as linhas de comunicação entre Seul e Pyongyang no começo de outubro.

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