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EUA se afasta temporariamente do abismo da dívida

07/10/2021 23h04

Washington, 8 Out 2021 (AFP) - Os Estados Unidos evitaram temporariamente uma inadimplência catastrófica nesta quinta-feira (7), quando democratas e republicanos no Congresso chegaram a um acordo para aumentar o teto da dívida até dezembro.

O Senado aprovou esta noite um projeto de lei que permite elevar o teto do endividamento do país, mas apenas com votos dos democratas (50 a 48).

O texto elevaria o teto da dívida em US$ 480 bilhões com base em seu nível atual, para honrar os pagamentos até o começo de dezembro. A Câmara de Representantes, de maioria democrata, deveria aprovar a norma em meados da próxima semana.

Após dias de tensão, pela manhã o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, anunciou a "boa notícia" de um acordo entre as partes para elevar o limite da dívida, que vai até o dia 3 de dezembro.

"Os republicanos jogaram um jogo partidário perigoso e arriscado e fico feliz de que sua postura arriscada não tenha funcionado", disse Shumer no Senado.

"O Senado avança para o plano que apresentei ontem para evitar que os americanos sofram uma crise criada" pelos democratas, afirmou por sua vez o líder dos senadores republicanos, Mitch McConnell.

Com sua proposta, este veterano do Congresso ofereceu uma saída temporária para os dois lados, cada um em posições opostas.

Estimulada pela esperança de um acordo, Wall Street fechou com alta nesta quinta-feira.

"O que se precisa agora é de uma solução de longo prazo para que não tenhamos que passar por este drama arriscado a cada poucos meses. Esperamos que os republicanos se unam a nós para alcançar uma solução de longo prazo para o teto da dívida em dezembro", concluiu Schumer.

Este avanço deixou vários republicanos indignados nesta quinta-feira, entre eles o ex-presidente Donald Trump, para quem Mitch McConnell "se inclinou" frente aos democratas.

- "Fazer política com nossa economia" -Mas os bloqueios não vão desaparecer.

Os republicanos se recusam energicamente a aprovar qualquer medida para aumentar o limite do endividamento do país, porque afirmam que seria como dar a Biden um cheque em branco para financiar seus enormes planos de investimento, pendentes de aprovação no Congresso.

Ao oferecer um respiro temporário para evitar uma crise da dívida, McConnell pediu aos democratas que cheguem a uma solução duradoura usando um caminho legislativo complexo.

Mas o grupo do presidente Biden se negou até agora a usar esta manobra "arriscada demais" para a dívida, chamada de "reconciliação", que lhe permitiria alterar o teto de endividamento apenas com seus votos.

A Casa Branca reagiu com indiferença a esse acordo aprovado nesta quinta-feira.

"Isso nos dá algum tempo, mas não resolve o problema", comentou Jared Bernstein, um dos assessores econômicos do presidente. "Passar mais dois meses discutindo sobre isso não resolve a incerteza".

E a bordo do Air Force One, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, acusou McConnell de "fazer política com nossa economia".

Na prática, o acordo alcançado nesta quinta-feira adia até o final de novembro uma batalha parlamentar pelas finanças dos Estados Unidos que promete ser épica.

Paralelamente ao limite da dívida, o Congresso também terá que decidir antes de 3 de dezembro um novo orçamento, caso queira evitar a paralisação dos serviços federais, uma situação também conhecida como "desligamento do governo" ou 'shutdown'.

A confluência dessas duas ameaças pressagia semanas muito agitadas no Capitólio.

Os democratas esperam, no entanto, aproveitar este respiro no front financeiro para se concentrarem nas próximas semanas nas difíceis negociações no berço do próprio partido para adotar os dois grandes planos de investimento de Biden, em infraestrutura e em reformas sociais.

- Pressões políticas -O Tesouro dos Estados Unidos definiu 18 de outubro como a data a partir da qual a maior economia do mundo pode se tornar inadimplente se o Congresso não aumentar a capacidade de endividamento do país.

A pressão vinha crescendo muito claramente nos últimos dias sobre os republicanos, especialmente por parte de Biden.

O presidente dos Estados Unidos, enfraquecido pela retirada caótica do Afeganistão, e em meio a intensas discussões em seu próprio partido para realizar suas principais reformas econômicas e sociais, não queria ter também um desastre financeiro.

Os Estados Unidos, que, como quase todas as grandes economias, há décadas vivem do crédito em termos de gastos públicos, já aumentaram repetidamente esse famoso "teto" da dívida.

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