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Dona de avião em que morreu Emiliano Sala proibiu voos de piloto envolvido no acidente

20/10/2021 14h18

Londres, 20 Out 2021 (AFP) - A proprietária do pequeno avião privado em que viajava o jogador de futebol argentino Emiliano Sala quando ele morreu em um acidente aéreo, em janeiro de 2019, assegurou nesta quarta-feira (20) à Justiça do Reino Unido que tinha proibido expressamente a utilização do piloto envolvido no incidente fatal.

O responsável por coordenar a operação da aeronave, David Henderson, de 67 anos, está sendo julgado em um tribunal de Cardiff, no País de Gales, por imprudência ou negligência suscetível de colocar em perigo o voo que levava o atacante de 28 anos para ser incorporado ao elenco do Cardiff City, clube que tinha acabado de contratá-lo por 17 milhões de euros.

Ele também é acusado de tentar transportar um passageiro sem uma autorização válida, uma acusação da qual já se declarou culpado e que, por isso, não será abordada durante as duas semanas do processo que começou na segunda-feira (18).

Na escuridão da noite e com condições meteorológicas complicadas, o pequeno avião particular, um Piper PA-46 Malibu, caiu nas águas do Canal da Mancha em 21 de janeiro de 2019.

O corpo de Sala, cuja morte provocou comoção no mundo do futebol, foi encontrado no que sobrou da fuselagem da aeronave mais de duas semanas depois do acidente, a 67 metros de profundidade. Por outro lado, o corpo do piloto, David Ibbotson, de 59 anos, jamais foi localizado.

Nesta quarta-feira (20), a proprietária do avião, Fay Keely, explicou no tribunal que comprou a aeronave por conselho de Henderson e permitiu que ele a operasse e escolhesse os pilotos.

Contudo, ela garantiu que, no dia 6 de julho de 2018, quase sete meses antes do acidente, lhe enviou um e-mail com instruções para que não voltasse a utilizar Ibbotson, depois que a autoridade de aviação civil do Reino Unido denunciara duas infrações.

- 'Sem a minha permissão' -Mais tarde, Keely descobriu que, apesar de tudo, Henderson voltara a recorrer a esse piloto em agosto de 2018.

No dia do acidente, "ele mesmo [Henderson] deveria ter pilotado o avião", explicou.

"Depois descobri que ele não estava disponível e que tinha pedido a David Ibbotson que voasse em seu lugar [...] sem a minha permissão", acrescentou.

Ontem, o promotor acusou Henderson de privilegiar seu interesse econômico em detrimento da segurança, ao contratar um piloto que ele sabia que não estava qualificado.

"Ibbotson não tinha licença de piloto comercial, sua habilitação para o tipo de aeronave N264DB tinha expirado em novembro de 2018, e ele não tinha competência para voar nas condições meteorológicas que Henderson sabia que o voo poderia encontrar", assinalou o promotor Martin Goudie.

Sala morreu quando retornava a Cardiff da cidade francesa de Nantes, onde jogava até então e aonde tinha ido para recolher seus pertences e para se despedir de seus companheiros de clube antes de iniciar os treinamentos em sua nova equipe.

A agência britânica de investigações de acidentes aéreos (AAIB, na sigla em inglês) determinou, em um relatório publicado em março de 2020, que o piloto perdeu o controle da aeronave durante uma manobra efetuada a uma velocidade muito alta, "provavelmente" para evitar o mau tempo.

O pequeno avião teria sofrido danos durante a manobra, e os investigadores acreditam que o piloto e o passageiro "provavelmente" desmaiaram após se intoxicarem com o monóxido de carbono do sistema de escapamento do motor.

acc/mb/rpr