Alta dos combustíveis aumenta descontentamento social no Equador
Quito, 23 Out 2021 (AFP) - O presidente do Equador, Guillermo Lasso, aumentou nesta sexta-feira em até 12% os preços dos combustíveis, o que ampliou o descontentamento entre trabalhadores, estudantes e indígenas, que planejam para a próxima semana um protesto contra o governo em Quito.
"A partir de agora, o preço da gasolina extra está fixado em US$ 2,55 por galão e, da mesma forma, o preço do diesel (...) está fixado em US$ 1,90", disse Lasso em discurso na cidade de Guayaquil (sudoeste). A gasolina extra (regular) custava 2,50 dólares e o diesel, US$ 1,69.
Esses novos preços agora serão congelados, explicou Lasso. "A partir de hoje estão suspensos os aumentos mensais" que vinham sendo aplicados desde 2020, por meio de reajustes de acordo com a cotação do petróleo no mercado internacional, a fim de eliminar os subsídios milionários de forma gradual.
"Rejeitamos, condenamos o novo aumento do preço dos combustíveis, que o presidente da república enganosamente disse que congela, quando, na verdade, aumenta", criticou Leônidas Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie).
- Aumento da tensão -
Da comunidade de Colta, Iza chamou de "pacotaço" a medida anunciada por Lasso, que, na quarta-feira, classificou como "golpistas" e "conspiradores" os grupos que convocaram o protesto da próxima semana.
Para Ángel Sánchez, presidente da Frente Unitária de Trabalhadores (FUT), a decisão de Lasso, há cinco meses no poder, não foi acertada. "Em vez de diminuir a tensão, isso provoca um grande aborrecimento, o descontentamento dos trabalhadores e do povo", expressou.
Inicialmente, o movimento Pachakutik, braço político da Conaie e segunda força do parlamento, opositor, considerou uma boa notícia o congelamento dos preços. No entanto, em comunicado posterior, o movimento informou que a alta anunciada por Lasso "afeta negativamente a economia familiar equatoriana". A Conaie declarou-se "em resistência" e afirmou que não irá aceitar o aumento.
A organização indígena liderou protestos violentos em 2019 contra a eliminação brusca dos subsídios aos combustíveis, que deixaram 11 mortos e obrigaram o então presidente, Lenín Moreno, a voltar atrás naquela decisão.
- Sem coesão -
Lasso expressou que o Equador, que exporta petróleo e está em crise econômica, atravessa um "animador cenário econômico", mas precisa de "estabilidade".
Os movimentos indígenas e os que se consideram de esquerda irão contra o presidente Lasso, faça o que fizer", destacou o cientista político Esteban Nichols, da Universidade Andina Simón Bolívar. Lasso é partidário de eliminar subsídios e compensar os profissionais do setor de transportes e setores mais desfavorecidos.
Antes do anúncio do aumento, organizações sociais planejaram uma manifestação para a próxima terça-feira, apesar do estado de exceção de 60 dias que o governo decretou para enfrentar a violência das drogas.
pld/sp/mr/lm/ap/mvv/lb
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