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Colômbia prepara extradição aos Estados Unidos do traficante 'Otoniel'

24/10/2021 22h01

Carepa, Colômbia, 25 Out 2021 (AFP) - O governo da Colômbia anunciou neste domingo (24) que trabalha na extradição aos Estados Unidos do homem conhecido como "Otoniel", chefe da maior quadrilha de narcotráfico do país, capturado na véspera em uma megaoperação na selva noroeste do país.

"Contra 'Otoniel' pesa uma ordem de extradição (aos EUA). Essa ordem de extradição é (...) a que segue em curso", assegurou o ministro da Defesa, Diego Molano, em entrevista ao jornal El Tiempo, da Colômbia.

"Esse é o caminho para todos aqueles que cometem delitos transnacionais (...) quase 30% do total das toneladas de coca que eram tiradas da Colômbia eram do Clã do Golfo", organização liderada por "Otoniel", acrescentou Molano mais tarde em declaração à imprensa.

O chefe criminoso de 50 anos foi detido no sábado em uma zona de selva do noroeste da Colômbia, em uma ação da qual participaram 700 militares e policiais, apoiados por 18 helicópteros, segundo o Exército.

Os Estados Unidos, onde a justiça o requer por narcotráfico, oferecia uma recompensa de 5 milhões de dólares por informações sobre seu paradeiro.

"Este é o golpe mais importante deste século contra o narcotráfico, mas não vamos parar aqui", assegurou o presidente Iván Duque durante uma homenagem a um policial que morreu na operação contra "Otoniel", cujo nome de registro é Dairo Antonio Úsuga.

"Vamos buscar mais, vamos atrás da vitória contra todos os alvos de alto valor", alertou o presidente em uma base militar do município de Carepa (noroeste).

O governo acusa outros grupos armados, como o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha reconhecida do país, e os rebeldes que se afastaram do acordo de paz com as Farc, em 2016 (conhecidos como dissidentes) de se financiar com a receita do narcotráfico.

Em meio ao pior surto de violência após o acordo de paz, líderes das duas organizações foram incluídos em uma "lista de alvos de alto valor" para as autoridades.

Nascido em uma família de camponeses do noroeste da Colômbia, "Otoniel" foi guerrilheiro e paramilitar antes de se tornar o líder de uma organização com cerca de 1.600 homens e presença em quase 300 municípios, segundo o centro de estudos independente Indepaz.

Ele tinha 128 ordens de captura por narcotráfico e recrutamento de menores na Colômbia, entre outros crimes.

"Assassinou mais de 200 membros da força pública (...) Muitos soldados sofreram por conta desse assassino e seus amigos", detalhou Duque.

"Era conhecido na região por procurar meninas de 12, 13, 14 anos. Intimidava as famílias e as extorquia para poder ter a virgindade de suas filhas", denunciou o presidente.

Em cinco décadas de luta contra as drogas, apoiada pelos Estados Unidos, a Colômbia matou ou capturou vários chefes do narcotráfico, inclusive o barão da cocaína, Pablo Escobar, morto pela força pública em 1993. No entanto, o país continua sendo o principal produtor de cocaína do mundo e os Estados Unidos, seu principal mercado consumidor.

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