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Os compromissos climáticos dos principais países emissores

28/10/2021 13h00

Paris, 28 Out 2021 (AFP) - Em 2015, em Paris, quase 200 países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Seis anos depois, a ONU denuncia que as promessas não atendem à urgência climática, principalmente entre os principais emissores.

O objetivo do Acordo de Paris é manter o aquecimento "bem abaixo" de +2°C, em +1,5°C se possível, em relação à era pré-industrial, um limite que se tornou o objetivo principal.

Mas a primeira série de "Contribuições Determinadas Nacionalmente" (NDC) dos signatários levava o planeta a um aumento de 3-4°C.

Desde então, houve alguns avanços, mas a última avaliação da ONU, levando em conta os compromissos assumidos pelos países, aponta para um aquecimento "catastrófico" de +2,7ºC.

Na melhor das hipóteses, chegaria a +2,2°C, se consideradas as "vagas" promessas de neutralidade de carbono no meio do século.

ChinaHoje primeiro emissor mundial de gases de efeito estufa, a China entregou oficialmente, nesta quinta-feira (28), seus novos compromissos climáticos.

Em sua nova NDC, Pequim se compromete a alcançar seu pico de emissões "antes de 2030", e a neutralidade de carbono, "antes de 2060". Estas metas se mantêm dentro do que já havia sido antecipado pelo presidente Xi Jinping.

Apresentadas no site da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), estas novas contribuições preveem reduzir a intensidade de carbono (emissões de CO2 em relação ao PIB) em mais de 65% em relação a 2005.

Em sua NDC anterior, a China se comprometia a reduzir sua intensidade de carbono entre 60% e 65%, até 2030, e a conseguir seu pico de carbono "por volta de 2030".

Estados UnidosSegundo maior emissor do mundo, os Estados Unidos comprometeram-se, sob a presidência de Barack Obama, a reduzir suas emissões em 2025 entre 26-28% em relação aos níveis de 2005.

O presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo, ao qual voltou com Joe Biden no início de 2021, que reforçou suas metas de uma queda de 50-52% até 2030.

Este objetivo não ultrapassa os +2ºC, mas é insuficiente para +1,5ºC, segundo o grupo Climate Action Tracker (CAT), que considera que Washington não cumpre a sua parte.

União EuropeiaA União Europeia (UE) se comprometeu em 2015 a reduzir suas emissões de CO2 em pelo menos 40% até 2030 em relação a 1990 e, em dezembro passado, aumentou para "pelo menos 55%".

Este objetivo está alinhado com +2ºC, de acordo com o CAT.

O Reino Unido, já fora da UE, aumentou a sua ambição com um novo patamar de redução das emissões em "pelo menos 68%" em 2030 face a 1990. Segundo o CAT, este objetivo é compatível com um mundo a +1,5ºC.

ÍndiaComo a China, o compromisso inicial da Índia se baseia em uma redução da intensidade de carbono, de 33-35% para 2030 com relação ao nível de 2005.

Desde então, a Índia não apresentou um novo NDC, nem indicou quais são seus planos.

RússiaA Rússia, que aderiu formalmente ao Acordo de Paris apenas em 2019, apresentou seu primeiro NDC no final de 2020.

Nele, recupera seus antigos compromissos de limitar suas emissões em 2030 a 70% do nível de 1990, ou seja, uma redução de 30%.

Para o CAT, é muito insuficiente.

O presidente Vladimir Putin mais tarde prometeu intensificar sua luta contra o aquecimento e evocou uma meta de neutralidade de carbono para 2060.

JapãoO Japão se comprometeu em 2016 a reduzir suas emissões em 26% até 2030 em comparação com a situação em 2013. Sua nova contribuição em março de 2020 não alterou esse número.

O primeiro-ministro Yoshihide Suga, que chegou ao poder depois, reforçou seus compromissos. O novo NDC de outubro de 2021 eleva a meta para uma queda de 46% até 2030, em linha com um planeta a +2°C, de acordo com o CAT.

E o resto do G20?Entre os demais grandes países emissores, Brasil, México, Austrália, Coreia do Sul e Indonésia apresentaram compromissos revisados, mas sem reforçar seus objetivos, segundo especialistas.

Na verdade, os novos NDCs do México e do Brasil levariam a um aumento das emissões, de acordo com um relatório recente da ONU.

Em contraste, Argentina, África do Sul e Canadá definiram metas mais ambiciosas.

A Arábia Saudita apresentou seu novo NDC em 23 de outubro, alegando que ele duplica seus compromissos, mas ainda não foi avaliado por especialistas.

A Turquia acaba de anunciar a ratificação do Acordo de Paris, abrindo caminho para a apresentação de seu primeiro NDC.

O G20, cujos dirigentes se reúnem neste fim de semana em Roma, é responsável por três quartos das emissões globais, por isso a ação deste grupo é fundamental para evitar um aquecimento abaixo de +1,5ºC.

Neutralidade de carbonoO Acordo de Paris também evoca o objetivo de "equilíbrio" entre as emissões e a absorção de gases de efeito estufa "ao longo da segunda metade do século".

Sob pressão da ONU, mais e mais países estão se comprometendo com essa neutralidade de carbono, a maioria até 2050, enquanto outros até 2045 ou 2060.

Excluindo promessas vazias, 49 países, que respondem por 57% das emissões globais (incluindo a União Europeia e os Estados Unidos), se comprometeram formalmente com isso, de acordo com o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

De qualquer forma, seja para atingir a neutralidade de carbono ou para limitar o aquecimento a +1,5°C, são necessários planos coerentes e confiáveis no curto prazo para reduzir as emissões de CO2 em 45% até 2030, insiste a ONU.

abd/so/uh/dbh/zm/mr