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Trem descarrila e é incendiado no sul do Chile

Vista aérea de vários vagões de carga e uma locomotiva que descarrilou em Victoria, região de Araucanía, Chile, em 2 de novembro - AFP
Vista aérea de vários vagões de carga e uma locomotiva que descarrilou em Victoria, região de Araucanía, Chile, em 2 de novembro Imagem: AFP

02/11/2021 18h43Atualizada em 03/11/2021 16h20

Um trem de carga descarrilou e foi incendiado por indivíduos não identificados nesta terça-feira (2) em La Araucanía, região do sul do Chile, sob um estado de exceção e militarização ordenado pelo governo para deter os reiterados ataques e enfrentamentos em meio a um conflito com indígenas mapuches.

Um grupo de pessoas não identificadas "provocou danos nos dormentes" da ferrovia perto da cidade de Victoria (616 km ao sul de Santiago), causando o descarrilamento de alguns vagões, que "foram incendiados", informou à imprensa local Sebastián Lara, da Polícia Civil chilena.

O incidente ocorreu em uma área de difícil acesso, o que complicou o acesso dos bombeiros e dos policiais, que precisaram chegar a pé. As autoridades iniciaram uma investigação para encontrar os autores.

"Este é um atentado contra a vida humana porque poderia ter sido contra um trem de passageiros que circula entre Temuco e Victoria", afirmou Víctor Manoli, delegado presidencial (representante do governo central) em La Araucanía.

A região vive um conflito histórico entre o povo mapuche, a maior etnia chilena, e o Estado, ao qual os indígenas reivindicam terras que consideram próprias por direito ancestral e que foram entregues a entidades particulares, sobretudo a empresas florestais e fazendeiros.

A falta de solução para este conflito fez eclodir a violência na última década, com ataques incendiários a prédios privados e caminhões. Também trouxe à luz a presença do narcotráfico e de organizações de autodefesa, assim como operações policiais supostamente montadas para culpar os indígenas.

O presidente Sebastián Piñera decretou em 12 de outubro estado de exceção e militarização por 15 dias de três províncias da região, estendido por mais 15 dias até 11 de novembro.

Nesta terça-feira, Piñera anunciou que pedirá uma nova extensão ao Congresso, que deve aprová-la.

O presidente assegurou que desde o início do estado de exceção, "os atentados incendiários foram reduzidos praticamente à metade e as usurpações de propriedades diminuíram à décima parte".