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Tribunal de Mianmar adia veredicto de julgamento contra Aung San Suu Kyi

30/11/2021 06h43

Naipyidaw, Birmania, 30 Nov 2021 (AFP) - Um tribunal da junta militar que governa Mianmar adiou nesta terça-feira (30) o veredicto no julgamento por incitação contra a líder civil deposta Aung San Suu Kyi, informou à AFP uma fonte próxima ao caso.

A corte adiou para 6 de dezembro o primeiro veredicto contra a dirigente deposta, afirmou a fonte. A decisão correspondia a um processo por incitação contra os militares, que pode resultar em uma sentença de três anos de prisão.

Suu Kyi, de 76 anos, está detida desde que os militares derrubaram seu governo em 1º de fevereiro, o que acabou com um breve período democrático em Mianmar.

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 1991 enfrenta ainda uma série de acusações que podem provocar sentenças de décadas de prisão.

A imprensa foi impedida de acompanhar o julgamento no tribunal especial da capital Naipyidaw, construída pelos militares, e os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.

Nesta terça-feira, as ruas próximas ao tribunal especial receberam um grande esquema de segurança.

Os jornalistas não terão acesso ao tribunal durante o veredicto, afirmou recentemente o porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun.

- Mais acusações -Poucos dias após o golpe de Estado, Suu Kyi começou a receber acusações estranhas, como a posse de walkie-talkies sem registro e violação das restrições sanitárias impostas pela pandemia de coronavírus durante as eleições que seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), venceu em 2020.

Posteriormente, a junta adicionou outras acusações, como violação da lei de sigilo oficial, corrupção e fraude eleitoral.

Durante o regime militar anterior, Suu Kyi passou longos períodos em prisão domiciliar em uma mansão de sua família de estilo colonial em Yangon, onde aparecia para milhares de seguidores reunidos do outro lado de uma cerca.

O regime de Min Aung Hlaing a confinou em uma localização não revelada da capital. Os contatos de Suu Kyi se limitam aos poucos encontros com seus advogados antes das audiências no tribunal.

Nas últimas semanas, os julgamentos contra outros integrantes da LND foram concluídos com longas sentenças condenatórias.

Um ex-ministro foi sentenciado a 75 anos de prisão, enquanto uma pessoa próxima a Suu Kyi foi condenada a 20 anos.

Mais de 1.200 pessoas morreram e mais de 10.000 foram detidas na repressão dos dissidentes após o golpe, segundo uma ONG local.

Os militares, que dominaram a vida política em Mianmar por décadas, defendem o golpe alegando uma suposta fraude nas eleições gerais do ano passado, que a LND venceu com folga.

A pressão internacional sobre a junta militar para uma restauração rápida da democracia não provocou mudanças dos militares.

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