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Impacto da pandemia na educação será mais grave do que o esperado, apontam ONU e BM

06/12/2021 19h25

Washington, 6 dez 2021 (AFP) - Os fechamentos das escolas motivados pela pandemia podem custar aos estudantes de hoje trilhões de dólares ao longo de suas vidas, informaram o Banco Mundial e agências da ONU nesta segunda-feira (6), alertando que a crise piorou em relação ao esperado no ano passado.

O Banco Mundial, junto com o Unicef e a Unesco, destacaram em um relatório que a atual geração de estudantes corre o risco de perder 17 trilhões de dólares em renda durante toda a sua vida profissional, o equivalente a cerca de 14% do PIB mundial, devido a interrupções de aulas pela pandemia da covid-19.

Essa estimativa é maior do que a feita no ano passado, que previa um impacto de US$ 10 trilhões para estudantes em todo o mundo.

"A crise da covid-19 causou uma paralisação nos sistemas educacionais em todo o mundo. Agora, 21 meses depois, as escolas permanecem fechadas para milhões de crianças e outras podem nunca mais voltar às salas de aula", disse Jaime Saavedra, diretor de Educação do Banco Mundial.

"A perda de aprendizagem que muitas crianças estão experimentando é moralmente inaceitável", acrescentou.

Mas os fechamentos das escolas e as dificuldades da educação à distância não afetaram a todos da mesma forma.

Nos países de rendas baixa e média, a proporção de crianças com problemas para ler ou compreender um texto aos 10 anos, que era de 53% antes da pandemia, poderia chegar a 70%, alerta o informe.

As maiores perdas de aprendizagem foram entre as crianças mais pobres ou portadoras de deficiências e, em geral, entre as crianças menores. Esta situação afeta mais as meninas, que tiveram menos chances de acesso ao ensino remoto ou sofreram uma maior perda de aulas.

A pandemia também exacerbou as desigualdades entre regiões do mundo: as crianças da América Latina e do Caribe perderam quase o triplo da educação do que as da Europa Ocidental.

No Brasil, por exemplo, estudantes de São Paulo aprenderam apenas 28% do que teriam aprendido em aulas presenciais e o risco de evasão aumentou mais do que o triplo.

No Chile, autoridades educacionais estimaram que as taxas de evasão escolar poderiam dobrar, aumentando de 2,6% para 5%.

Na Colômbia, as matrículas em centros de ensino técnico e profissional diminuiu 50% entre 2019 e 2020.

Governos de todo o mundo adotaram medidas de estímulo para impulsionar suas economias depois das interrupções provocadas pela pandemia, mas menos de 3% destes recursos foram destinados à educação, destaca o relatório.

Por outro lado, mais de 200 milhões de estudantes vivem em países sem meios para oferecer todas as aulas de forma remota.

A reabertura das escolas deveria ser a "prioridade máxima" dos países, enfatiza o relatório.

E menciona a evidência do Brasil, que sugere que a abertura das escolas, inclusive parcialmente, representou uma perda de aprendizagem para os estudantes do ensino médio menor do que quando as escolas estavam completamente fechadas.

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