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Gasoduto Nord Stream 2, aposta dos EUA para pressionar a Rússia sobre a Ucrânia

08/12/2021 09h48

Washington, 8 dez 2021 (AFP) - Diante da ameaça implícita de uma invasão russa na Ucrânia, Estados Unidos e seus aliados europeus se voltaram para o que consideram a maior vulnerabilidade de Moscou: o recém-concluído gasoduto Nord Stream 2, que levará gás à Europa.

Fontes oficiais deixaram claro na terça-feira após a videoconferência entre o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e seu colega russo Vladimir Putin que, caso haja uma ação militar contra a Ucrânia, a operação do gasoduto será interrompida como retaliação, bloqueando uma importante fonte de recursos pela venda do combustível.

"É uma vantagem para o Ocidente, porque se Vladimir Putin quer ver fluxo de gás nesse gasoduto, talvez não queira correr o risco de invadir a Ucrânia", disse o conselheiro nacional de Segurança da Casa Branca, Jake Sullivan.

"Se o presidente Putin avançar sobre a Ucrânia, nossa expectativa é que o gasoduto seja suspenso", acrescentou Victoria Nuland, vice-secretária de Estado.

Dez bilhões de euros (12 bilhões de dólares) foram investidos no gasoduto Nord Stream 2, do qual a empresa russa Gazprom é sócia majoritária e cuja finalização foi anunciada em setembro, quase ao mesmo tempo em que começou a mobilização de cerca de 100.000 tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia.

O Nord Stream 2 passa por baixo do mar da costa do Báltico na Rússia até o nordeste da Alemanha, ou seja, 1.200 quilômetros de gasoduto que seguem a mesma rota do Nord Stream 1, finalizado há uma década.

Assim como seu gêmeo, o gasoduto Nord Stream 2 será capaz de transportar 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano para a Europa, aumentando o acesso ao velho continente de gás natural relativamente barato enquanto a produção interna cai.

Também promete bilhões de dólares ao ano em lucros para Moscou, especialmente com os atuais preços do petróleo e gás.

A Europa também investiu neste gasoduto, com a expectativa de levar um grande suplemento de gás - mais barato e limpo que o petróleo - ao continente.

A Alemanha, que já importa da Rússia cerca de 40% do gás que utiliza, tomou a liderança apoiando o projeto e resistindo à pressão americana para minimizar sua dependência energética de Moscou.

Mas com a Rússia ameaçando a Ucrânia, fontes oficiais dos Estados Unidos acreditam que a Alemanha, sob a nova liderança do chanceler Olaf Scholz, é suscetível e manter as válvulas fechadas para pressionar Putin.

"O fato é que atualmente o gás não está fluindo através do gasoduto Nord Stream 2, o que significa que não está funcionando e que não é uma vantagem para Putin", acrescentou Sullivan depois da videoconferência entre Biden e Putin.

"Não vou aprofundar além disso, apesar de ser um assunto de grande prioridade", acrescentou.

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