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Agricultores indianos encerram oficialmente campanha contra reforma de Modi

09/12/2021 15h09

Nova Délhi, 9 dez 2021 (AFP) - Os sindicatos agrícolas indianos anunciaram nesta quinta-feira (9) o fim oficial da campanha de protestos contra o projeto frustrado de reforma agrária do primeiro-ministro Narendra Modi, após uma batalha de mais de um ano.

Milhares de agricultores permaneceram acampados por mais de um ano nas proximidades de Nova Délhi para protestar contra o projeto de reforma agrária de Modi.

"Começamos a retirar os acampamentos", declarou Darshan Pal, da Samyukta Kisan Morcha, uma coalizão de 40 sindicatos de agricultores.

A mudança de postura de Narendra Modi em meados de novembro não serviu para acalmar as exigências dos agricultores, que prometeram prosseguir com o protesto até alcançar todas as suas reivindicações, mas com menos apoio.

Entre outras coisas, eles exigiam garantias de preços mínimos para os produtos agrícolas e uma indenização para as famílias de centenas de agricultores que, como afirmam, morreram durante as manifestações.

O governo aceitou os pedidos e se comprometeu a não perseguir os camponeses que praticam a queimada dos campos para preparar a colheita, e cujas nuvens de fumaça são, em parte, responsáveis pela atmosfera sufocante de Nova Delhi durante o inverno.

Balbir Singh Rajewal, um dos líderes do movimento, disse que uma passeata será organizada no sábado para celebrar a vitória dos agricultores.

A mudança de postura do governo aconteceu antes das eleições nos estados de Punjab, de onde procedem muitos manifestantes, e Uttar Pradesh, o mais populoso do país com 220 milhões de habitantes.

Gautam Chikermane, vice-presidente do grupo de estudos Observer Research Foundation, de Nova Délhi, considera esta "a pior decisão de Modi".

"É um dia triste na história das reformas econômicas da Índia", disse à AFP, argumentando que o setor agrícola está "condenado" pelos próximos 25 anos.

Quase dois terços dos 1,3 bilhão de indianos devem sua subsistência à agricultura, um setor que sempre foi um campo minada para a classe política e que representa quase 15% do PIB do país.

A reforma agrária, aprovada em setembro de 2020, autorizava os agricultores a vender sua produção a quem desejassem, e não em mercados controlados pelo Estado, o que garantia um preço mínimo de subsistência para alguns produtos.

Muitos pequenos proprietários agrícolas protestaram contra as leis em acampamentos nas proximidades de Nova Délhi, ante o risco que representava, segundo eles, ter que negociar os preços com as grandes empresas.

Os protestos tiveram uma guinada violenta em janeiro, quando um desfile de tratores em Nova Délhi provocou um ataque que matou um fazendeiro e deixou centenas de policiais feridos.

No mês passado, oito pessoas morreram em distúrbios no estado de Uttar Pradesh, norte do país.

Este movimento foi um dos maiores problemas que Modi teve que enfrentar desde que chegou ao poder em 2014.

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