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Iraque anuncia o fim da missão de combate da coalizão anti-EI

09/12/2021 14h19

Bagdá, 9 dez 2021 (AFP) - O Iraque anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da "missão de combate" em seu território da coalizão internacional antijihadista liderada por Washington, que deve manter soldados no país para um trabalho de "formação e assessoria".

"Anunciamos oficialmente o fim da missão de combate das forças da coalizão", escreveu no Twitter o conselheiro de Segurança Nacional iraquiano, Qasimal Araji, após uma reunião com os comandantes da coalizão e das operações conjuntas com as forças de segurança iraquianas.

"A relação com a coalizão internacional prosseguirá na área de formação, assessoria e fortalecimento das capacidades das forças iraquianas", acrescentou.

Embora o anúncio não mude nada na frente de batalha, o mesmo é vital para o Executivo iraquiano, pois representa um oxigênio diante dos violentos grupos pró-Irã que pedem a saída completa das forças americanas do Iraque.

A mudança na missão da coalizão internacional contra o Estado Islâmico (EI) até o final do ano foi anunciada em julho pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante a visita do primeiro-ministro iraquiano, Mustafah al-Kazimi, a Washington.

Quase 2.500 militares americanos e mil soldados da coalizão internacional, no entanto, permanecerão no Iraque para trabalhar no treinamento e assessoria das forças do país, como faziam desde meados de 2020.

A coalizão internacional de mais de 80 países (liderada pelos Estados Unidos) nasceu em 2014 para apoiar a ofensiva contra o EI no Iraque e Síria.

Bagdá anunciou a vitória contra os extremistas em dezembro de 2017, mas o EI continua atacando as forças iraquianas e curdas do norte do país.

- Discrição -Em um comunicado, a coalizão confirmou "ter terminado a transição para uma missão de não combate".

O texto difundido lembra que as forças iraquianas "protegem o pessoal da coalizão que são convidados" e se este "não tem um papel de combate, mantém seu direito inerente à autodefesa".

A Hashd al Shaabi, coalizão de ex-paramilitares iraquianos integrados nas forças regulares, é um dos grupos pró-iranianos mais virulentos contra a presença de tropas americanas.

Washington, porém, não pensa em deixar que o país passe à influência iraniana, no momento em que são retomadas as negociações sobre o acordo nuclear com Teerã.

O analista Nicholas Heras considera que o governo dos Estados Unidos "muda a mensagem, mas conserva o mesmo papel militar no Iraque".

"O contexto político e de segurança no Iraque é tão tenso que a administração Biden deseja manter a discrição e evitar as crises, sobretudo com o Irã", explica.

As Forças de Mobilização Popular (PMF, ou Hashd al-Shaabi), uma coalizão de antigas milícias paramilitares iraquianas integradas às forças oficiais, é um dos grupos pró-Irã mais críticos à presença das tropas americanas.

Nos últimos meses intensificou os ataques com foguetes e drones contra as tropas e alvos americanos no Iraque. Embora as ações não sejam reivindicadas, o governo dos Estados Unidos atribui tais ações às facções pró-Irã.

Nas redes sociais, os grupos próximos a Teerã também exigem dos Estados Unidos a retirada total das tropas até 31 de dezembro, uma condição que nunca foi examinada.

A maioria das tropas americanas enviadas com a coalizão em 2014 ao Iraque voltou para casa sob a presidência de Donald Trump.

O EI "mantém uma importante presença clandestina no Iraque e na Síria com uma insurreição dos dois lados da fronteira dos dois países", afirmou um relatório divulgado pela ONU no início do ano.

Entre os dois países, o EI teria "10.000 soldados ativos".

As tropas da coalizão estão posicionadas em três bases administradas pelas forças iraquianas.

Nos últimos meses, a coalizão insistiu na mudança de sua missão, ao mencionar a saída do Iraque de "mais de 2.100 caminhões de material militar".

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