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Júri declara socialite britânica Ghislaine Maxwell culpada de crimes sexuais

29/12/2021 21h02

Nova York, 30 dez 2021 (AFP) - A socialite britânica Ghislaine Maxwell foi declarada culpada de crimes sexuais nesta quarta-feira (29), incluindo o de recrutar e assediar meninas para serem abusadas por seu namorado, o consultor financeiro Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão.

Maxwell, de 60 anos, foi declarada culpada por um júri composto de 12 pessoas em um tribunal de Nova York de cinco das seis acusações a que respondia, incluindo a mais séria delas, a de tráfico sexual de menor.

Ela se manteve sentada passivamente na corte de Manhattan, retirando lentamente a máscara para tomar goles de água, enquanto o juiz Alison Nathan lia o veredicto de cada uma das acusações, alcançado após cinco dias inteiros de deliberação dos jurados.

A filha do falecido magnata da mídia Robert Maxwell, que estudou em Oxford e cresceu em um mundo de privilégios e proximidade com a realeza, poderia potencialmente passar o resto da vida atrás das grades.

O crime de conspiração para cometer tráfico sexual de menores é punido com pena de 40 anos de prisão. Os crimes mais brandos são punidos com penas de cinco a dez anos.

Maxwell foi considerada inocente da acusação de sedução de menor de idade para viajar e se envolver em atos sexuais ilegais.

Nathan deu seus "sinceros agradecimentos" ao júri por seus serviços, acrescentando que seus membros atuaram com "diligência".

Depois da leitura do veredicto, Nathan suspendeu os procedimentos e Maxwell deixou a corte rumo à prisão, como tem feito a cada dia de seu julgamento, que durou um mês.

Não foi divulgada uma data para o anúncio da sentença.

O procurador federal Damian William saudou o veredicto. "Um júri unânime considerou Ghislaine Maxwell culpada de um dos piores crimes imagináveis: facilitar e participar do abuso sexual de crianças", disse em um comunicado.

"O caminho para a justiça foi longo demais. Mas hoje a justiça foi feita", acrescentou.

As acusações contra Maxwell remetem ao período entre 1994 e 2004.

Duas das supostas vítimas de Epstein disseram ter 14 anos quando Maxwell começou a assediá-las e depois arranjado para que elas fizessem massagens em Epstein que terminaram em atividades sexuais.

Uma delas, identificada apenas como "Jane", contou em detalhes como Maxwell a recrutou em um acampamento de verão, fazendo-a se sentir "especial".

Ela contou que os encontros sexuais com Epstein se tornaram rotineiros e que Maxwell às vezes estava presente.

Outra, identificada como "Carolyn", disse que recebia pagamentos frequentes de US$ 300 após os encontros sexuais com Epstein, e que a própria Maxwell era quem costumava lhe entregar o dinheiro.

Uma terceira suposta vítima foi Annie Farmer, hoje com 42 anos. Ela disse que Maxwell acariciou seus seios quando ela era adolescente no rancho do Novo México de propriedade de Epstein.

- "Predadora sofisticada" -Em 2019, Epstein suicidou-se na prisão aos 66 anos, enquanto aguardava seu próprio julgamento por crimes sexuais. Maxwell foi detida um ano depois.

Maxwell alegou inocência de todas as acusações. A promotoria a retratou como uma "predadora sofisticada que sabia exatamente o que estava fazendo".

A promotora Alison Moe disse que Maxwell era "a chave" para o esquema de Epistein para persuadir jovens meninas a lhe fazer massagens, durante as quais ele abusaria sexualmente delas.

Moe citou registros bancários que mostram que ela recebeu 30 milhões de dólares de Epstein entre 1999 e 2007 como evidência de que suas motivações eram financeiras.

Maxwell "foi a parceira de crime de Epstein", disse Moe.

A equipe de defesa de Maxwell contestou, alegando "falta de evidências" para condená-la e questionou a habilidade das acusadoras para se lembrarem de eventos ocorridos há 25 anos.

Os advogados de defesa também argumentaram que Maxwell estava sendo usada como "bode expiatório" pelos crimes de Epstein, depois que ele escapou da justiça.

Maxwell se recusou a testemunhar durante o julgamento, mas fez uma curta declaração ao juiz.

"Meritíssimo, o governo não provou seu caso para além da dúvida razoável. Portanto, não há necessidade de que eu testemunhe", disse ela.

Os irmãos de Maxwell, Kevin, Isabel e Christine, estavam na primeira fila do tribunal enquanto os veredictos eram lidos.

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