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Chipre do Norte realiza legislativas em meio à crise econômica

23/01/2022 14h16

Nicósia, 23 Jan 2022 (AFP) - Os eleitores da República Turca do Chipre do Norte (RTCN) celebraram neste domingo(23) eleições legislativas antecipadas, no final de uma campanha dominada pela crise econômica que atinge este território, reconhecido apenas por Ancara.

Desde sua invasão pelo exército turco em 1974, em reação a um golpe de nacionalistas cipriotas gregos que queriam uni-la à Grécia, a ilha foi dividida entre a República de Chipre - membro da União Europeia - que exerce sua autoridade no sul, e a República Turca de Chipre do Norte, proclamada em 1983, e reconhecida apenas por Ancara.

A queda da lira turca, que perdeu 44% em relação ao dólar em 2021, traduziu-se no norte de Chipre numa subida espetacular dos preços, com uma inflação superior a 46% interanual em dezembro.

Os cipriotas turcos têm até às 18h locais para eleger 50 deputados em seis círculos eleitorais com representação proporcional. Os primeiros resultados provisórios são esperados na segunda-feira.

"A campanha eleitoral não despertou tanta energia e entusiasmo como nas eleições anteriores na RTCN, pois os cidadãos estão preocupados acima de tudo com sua saúde, segurança e condições de vida", afirmaram os analistas políticos Ahmet Sözen e Devrim Sahin em comunicado publicado na terça-feira pelo think tank italiano ISPI.

A Turquia foi acusada de interferir nas eleições presidenciais da RTCN de 2020, que foram vencidas por uma pequena margem pelo nacionalista Ersin Tatar contra Mustafa Akinci, um defensor da reunificação da ilha mediterrânea como um estado federal.

De acordo com as pesquisas, o Partido da Unidade Nacional (UBP, direita nacionalista), a favor de uma solução de dois Estados, deve manter sua posição como a principal força política no Parlamento da RTCN, onde tem 21 assentos, à frente do Partido Republicano turco (CTP, esquerda), a favor de um acordo com os cipriotas gregos.

O debate sobre a resolução do conflito cipriota não surgiu durante a campanha, mas parte das forças de esquerda - a favor de uma solução federal - apelou ao boicote da votação, uma vez que o Partido Unificado do Chipre (BKP) considerou, em particular, que "nada mudará" até que "a comunidade cipriota turca seja libertada do jugo de Ancara".

As negociações para resolver o conflito estão paralisadas desde 2017.

Em abril de 2021, falhou uma tentativa de retomar as conversações organizadas pelas Nações Unidas, que controlam uma zona-tampão entre as duas partes da ilha.

Em 2004, um plano das Nações Unidas para reunificar a ilha foi submetido a um referendo. O acordo, aprovado pelos cipriotas turcos por quase 65%, foi rejeitado por mais de 75% dos cipriotas gregos do sul.

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