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UE pede que se evitem declarações alarmistas por tensão entre Rússia e Ucrânia

24/01/2022 16h25

Bruxelas, 24 Jan 2022 (AFP) - O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, fez um apelo nesta segunda-feira (24) para que se evitem declarações alarmistas diante do aumento das tensões na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.

Questionado ao fim de uma reunião de chanceleres sobre a possível retirada do pessoal diplomático europeu na Ucrânia, Borrell disse que "é preciso manter a calma e fazer o que for necessário, mas evitando uma crise nervosa".

Os europeus foram pegos de surpresa no domingo pela decisão dos Estados Unidos de recomendar a saída dos familiares de seus diplomatas da Ucrânia, gesto que foi criticado até pelas autoridades ucranianas.

Na reunião desta segunda-feira, os chanceleres europeus ouviram diretamente os argumentos do secretário de Estado americano, Antony Blinken, mas ao final, Borrell buscou diminuir a intensidade da pressão.

"Sabemos muito bem quais são as ameaças e (...) a forma como devemos reagir. E sem dúvida devemos evitar reações que possam dar a sensação de um alarme que tem consequências, mesmo de uma ponto de vista econômico", afirmou.

Ao chegar ao encontro, Borrell havia dito que as capitais europeias não planejavam retirar seus diplomatas da Ucrânia "porque não conhecemos nenhuma razão específica" e acrescentou que não era necessário "dramatizar, pois há negociações em andamento".

No domingo, os Estados Unidos pediram a retirada das famílias de seus diplomatas na Ucrânia diante do que chamou de "ameaça persistente de uma operação militar russa".

Ao mesmo tempo, apontou que os cidadãos americanos que moram na Ucrânia "deveriam considerar agora" deixar o país nos voos comerciais disponíveis ou outros meios de transporte.

Nesta segunda-feira, o governo da Ucrânia criticou a decisão americana e o porta-voz da chancelaria a classificou como "prematura" e "excessiva".

A França, por sua vez, apenas recomendou que as viagens não essenciais para a Ucrânia sejam adiadas por enquanto. A Austrália recomendou a saída da Ucrânia para familiares de seus diplomatas e orientou seus cidadãos a evitarem viajar agora para o território ucraniano.

Neste quadro, os principais mercados da Europa fecharam o dia em baixa, devido ao aumento generalizado das tensões.

No entanto, o Banco Central da Rússia garantiu que dispõe de "ferramentas suficientes para evitar ameaças à estabilidade financeira" naquele país.

- Tensão que não acaba -Nesse cenário, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) emitiu uma nota na qual detalhou o reforço da capacidade dissuasória e de defesa no flanco leste da Europa, com o envio de aviões de combate e navios, além da promessa de envio de tropas.

Em resposta, o governo russo acusou a Otan e os Estados Unidos de "exacerbar" as tensões com a mobilização de forças militares para o Leste.

"As tensões se exacerbaram com anúncios e ações muito concretas por parte dos Estados Unidos e da Otan", disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

O funcionário denunciou a "histeria" na Europa pelas acusações que se multiplicam nas últimas semanas de uma invasão russa iminente.

Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que uma invasão russa na Ucrânia "poderia ser uma nova Chechênia".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lançou uma proposta de adotar um pacote de ajuda financeira adicional à Ucrânia no valor de 1,2 bilhão de euros (cerca de 1,36 bilhão de dólares).

Estados Unidos e os países da UE acusam a Rússia de ameaçar a Ucrânia com uma ação militar de grande escala, devido ao acúmulo de uma enorme capacidade militar ao longo da fronteira comum. A Rússia nega qualquer intenção de invadir o território ucraniano.

Na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à UE que "permaneça unida" e acrescentou que "a Ucrânia não cederá a provocações".

- Em busca de definições -Enquanto aguardavam os detalhes de Blinken, os diplomatas europeus multiplicaram esforços na última semana para definir as "sanções em massa" prometidas contra a Rússia.

Peritos das delegações e da Comissão Europeia prepararam uma série de opções, discutida com a maior confidencialidade, como complemento às medidas adotadas contra Moscou após a anexação da Crimeia em 2014.

A adoção de sanções por parte da UE exige unanimidade e os países do bloco estão divididos por seus diferentes graus de dependência energética.

O líder da Hungria, Viktor Orban, por exemplo, tem em sua agenda uma viagem a Moscou em fevereiro para discutir o fornecimento de gás ao seu país.

"A UE é formada por países e às vezes a visão e os interesses não são perfeitamente alinhados", disse um diplomata europeu.

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