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Governo espanhol pressionado por greve de caminhoneiros

24/03/2022 14h10

Madri, 24 Mar 2022 (AFP) - O governo espanhol tentava nesta quinta-feira(24) encontrar uma saída para uma greve de caminhoneiros e transportadoras que ameaça sufocar a economia do país.

"Não nos levantaremos até chegarmos a um acordo" que ponha fim à greve, disse na quarta-feira o presidente do governo socialista, Pedro Sánchez, referindo-se às negociações com as transportadoras.

O contexto é delicado para o governo, acusado pelos grevistas de inação diante do aumento dos preços dos combustíveis e criticado pela gestão desse protesto, o mais importante desde o retorno da esquerda ao poder em 2018.

O governo enviou três ministros para a reunião (Economia, Transportes, Finanças), à qual Sánchez não pôde estar presente devido às cúpulas da UE e da Otan em Bruxelas.

No entanto, há dúvidas sobre o impacto desta reunião porque apenas foi convidada a associação patronal do setor, a Comissão Nacional do Transporte Rodoviário (CNTC), que se opõem à greve, e não a "plataforma" dos transportadores independentes e pequenos e médias empresas organizadoras dos bloqueios.

O governo "negocia com o comitê nacional, e eles não nos representam", criticou a plataforma em nota, exigindo um lugar à mesa de negociações.

- Fábricas paradas -Iniciada em 14 de março em meio à alta dos preços da energia, a greve ganhou força nos últimos dias, com a multiplicação de bloqueios e ataques a seus críticos.

A ministra dos Transportes, Raquel Sánchez, propôs uma ajuda no valor de 500 milhões de euros para compensar o aumento dos preços dos combustíveis. Um gesto considerado insuficiente pelos caminhoneiros, considerando vago o mecanismo proposto pelo governo.

Muitas empresas tiveram que interromper a atividade de suas fábricas por falta de suprimentos e distribuição ou ameaçam fazê-lo em breve, como Danone, Heineken, Mercedes e Arcelor Mittal. Em alguns supermercados começam a faltar produtos.

"A situação atual é insustentável e não podemos esperar mais que o Governo apresente uma solução", alertou a Associação de Fabricantes e Distribuidores (AECOC).

A greve gera um "efeito devastador em toda a cadeia de abastecimento", que põe em perigo "mais de 100.000 postos de trabalho", disse a Asedas, a organização que reúne distribuidores e supermercados e que estimou as suas perdas em 130 milhões de euros diários.

Partidos de oposição, incluindo o de extrema-direita Vox, ecoaram as críticas e denunciaram a passividade do governo diante do aumento dos preços.

Ansioso para acalmar as coisas, o Executivo prometeu uma série de medidas para baixar os preços dos combustíveis no âmbito de um "plano nacional" a ser adotado em 29 de março.

Mas os detalhes ainda não são conhecidos, pois Pedro Sánchez busca uma resposta prévia da UE na cúpula de Bruxelas.

Uma estratégia "difícil de entender", aos olhos da AECOC, que lembrou que "países vizinhos como França, Itália ou Portugal já implantaram planos anticrise precisos, com datas previstas".

vab/mg/al/du/mb/jc

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