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Argélia ameaça aumentar preço do gás para Espanha

Abdelmadjid Tebboune, presidente da Argélia, deu suas primeiras declarações sobre crise diplomática - Reprodução
Abdelmadjid Tebboune, presidente da Argélia, deu suas primeiras declarações sobre crise diplomática Imagem: Reprodução

01/04/2022 17h19Atualizada em 01/04/2022 22h10

A empresa pública de petróleo e gás da Argélia, Sonatrach, informou nesta sexta-feira (1º) que não descarta "recalcular" o preço do gás fornecido à Espanha, em um contexto de tensões diplomáticas entre Argel e Madri pela questão do Saara Ocidental.

"Desde o início da crise na Ucrânia, os preços do gás e do petróleo dispararam. A Argélia decidiu manter, para o conjunto de seus clientes, preços contratuais relativamente corretos. No entanto, não está excluído um 'recálculo' dos preços para o nosso cliente espanhol", declarou o CEO da empresa, Toufik Hakkar, à agência oficial APS.

A Espanha, que é muito dependente da Argélia para o abastecimento de gás, fez uma mudança radical em seu posicionamento sobre a questão do Saara Ocidental, no dia 18 de março.

Nesse dia, o governo espanhol expressou publicamente, e pela primeira vez, seu apoio à proposta marroquina de autonomia para a sua ex-colônia. Até então, a Espanha se dizia neutra entre Rabat e os independentistas saarauís da Frente Polisário, apoiados pela Argélia.

Por sua vez, as autoridades argelinas convocaram para consultas o embaixador na Espanha em 19 de março. Já o presidente de governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, prometeu fazer o possível para restaurar as relações diplomáticas com um dos principais fornecedores de gás do país.

O conflito no Saara Ocidental, um território rico em fosfatos e de águas com pesca abundante, opõe Marrocos e Frente Polisário desde a retirada dos espanhóis em 1975.

Questionado sobre a possibilidade de a Argélia aumentar suas capacidades de entrega para a Europa, no momento em que os países da União Europeia buscam alternativas para o gás russo, Hakkar explicou que a Sonatrach não poderia substituir o gás russo neste momento.

No entanto, "com o ritmo de nossa exploração, nossa capacidade vai dobrar daqui a quatro anos, o que poderia abrir perspectivas promissoras com nossos clientes europeus", acrescentou.