Timor Leste escolhe presidente no segundo turno
Díli, Timor Leste, 19 Abr 2022 (AFP) - Os eleitores de Timor Leste votaram nesta terça-feira (19) para escolher o presidente no segundo turno entre um vencedor do Prêmio Nobel e o chefe de Estado em fim de mandato.
Os centros de votação fecharam às 15H00 (3H00 de Brasília) e os funcionários da Comissão Eleitoral iniciara a apuração, que pode demorar vários dias.
O segundo turno foi disputado pelo herói revolucionário e Prêmio Nobel da Paz José Ramos-Horta e o atual presidente Francisco "Lu Olo" Guterres.
Ramos-Horta foi o mais votado no primeiro turno em 19 de março, com 46% dos votos, contra 22% de Guterres.
Os dois também disputaram o segundo turno da eleição presidencial de 2007, vencido com tranquilidade por Ramos-Horta.
O vencedor iniciará o seu mandato de cinco anos em 20 de maio, data em que é comemorado o 20º aniversário da independência de Timor Leste após 24 anos de ocupação indonésia.
"Se vencer, eu vou iniciar um diálogo com os partidos políticos, entre eles o Fretilin (formação de Guterres), para trabalharmos juntos com o objetivo de manter a estabilidade e a paz no Timor Leste", declarou Ramos-Horta depois de votar.
Francisco Guterres prometeu, depois de depositar seu voto em Dili, capital do país, "garantir a estabilidade nacional e respeitar a missão do presidente da República, que é inseparável da Constituição".
Os dois candidatos se comprometeram a respeitar o resultado da eleição, cujo resultado pode demorar vários dias para ser divulgado.
Quase 860.000 timorenses estavam registrados para votar em um país de 1,3 milhão de habitantes.
A eleição é vista como uma oportunidade para quebrar o impasse político entre os dois principais partidos, o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor Leste (CNRT) e a Frente Revolucionária por um Timor Leste Independente (Fretilin).
Guterres, 67 anos, ex-guerrilheiro e líder do partido Fretilin, foi eleito presidente em 2017 com o apoio do ex-rebelde Xanana Gusmão, o primeiro presidente do país e atual líder do CNRT.
Mas este ano, Gusmão e o seu partido decidiram apoiar Ramos-Horta, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1996 pela busca de uma solução pacífica para o conflito no Timor Leste, então sob ocupação indonésia.
Ramos-Horta, 72 anos, que foi primeiro-ministro antes de presidir o país entre 2007 e 2012, deixou a aposentadoria para enfrentar Guterres, que acusa de ter violado a Constituição.
O atual presidente se negou a nomear ministros do partido CNRT, o que deixou o país em uma paralisia política durante vários anos.
José Ramos-Horta declarou que poderia convocar novas eleições legislativas para acabar com o bloqueio político.
O Timor Leste foi uma colônia portuguesa até 1975. Depois foi ocupado de maneira violenta pela Indonésia até sua independência em 2002.
A economia do país, localizado na ilha de Timor, compartilhada com a Indonésia, continua sofrendo as consequências da pandemia de covid-19.
Segundo o Banco Mundial, 42% da população do país vive na pobreza.
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