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Biden denuncia supremacismo branco em homenagem a vítimas de massacre racista em Buffalo

17/05/2022 20h00

Buffalo, Estados Unidos, 17 Mai 2022 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciou com firmeza nesta terça-feira (17) o "veneno" do supremacismo branco e aqueles que ajudam a propagá-lo, após homenagear as vítimas do massacre racista que deixou 10 mortos em Buffalo no sábado.

Nesta cidade do estado de Nova York, um jovem seguidor de teorias da conspiração perpetrou o massacre com um fuzil de assalto, no que o presidente americano descreveu como "terrorismo doméstico".

Um solene e emocionado Biden fez alusão aos seguidores da "Grande Substituição", uma teoria da conspiração de extrema direita segundo a qual a população branca e cristã dos Estados Unidos está sendo sistematicamente substituída por povos de ascendência não europeia.

"Peço a todos os americanos que rejeitem essa mentira e condenem todos os que a espalham para obter poder, votos e dinheiro", disse ele.

"Esse veneno, essa violência não pode ser a história de nossos tempos", instou Biden, em referência aos massacres que o país viveu nos últimos anos contra afro-americanos, latino-americanos e judeus.

- "Desde sempre" -Um pouco mais tarde, em uma recepção na Casa Branca, o democrata de 79 anos voltou a falar sobre a teoria conspiratória que inspirou o atirador: "Há pessoas na televisão que falam da teoria da 'Grande Substituição', que causa medo nas pessoas."

Embora ele não tenha mencionado nomes, Tucker Carlson, a estrela da Fox News e figura da extrema direita, está na mente de muitos desde sábado.

A vice-presidente Kamala Harris declarou no mesmo evento que "o racismo é uma realidade nos Estados Unidos. Desde sempre".

"Tivemos pessoas em nosso país em posições de poder(...), pessoas com os maiores púlpitos que espalharam esse tipo de ódio", disse a primeira vice-presidente negra e asiática.

- Morangos e bolo de aniversário -Em Buffalo, Biden tentou confortar as famílias das vítimas: "chegará a hora" em que a lembrança daqueles que já não estão mais aqui "desenhará um sorriso nos lábios antes que apareçam as lágrimas", disse o presidente, cuja trajetória é repleta de dramas familiares.

Depois de mencionar cada uma das vítimas do ataque, ele relembrou suas histórias: uma morreu enquanto "comprava morangos para fazer seu doce favorito", outra procurava comida para uma "noite de cinema em família", um pai morreu enquanto comprava um "bolo de aniversário" para seu filho.

Vidas que estavam a serviço de uma comunidade e de suas famílias, como a de uma idosa que ia todos os dias visitar o marido em uma casa de repouso, ou a do segurança que perdeu a vida tentando impedir o assassino, evocou Biden.

Pouco antes, o presidente e sua esposa, Jill Biden, pararam por um momento diante do memorial improvisado no local do massacre.

A primeira-dama depositou um buquê de flores brancas. Joe Biden fez o sinal da cruz depois de tirar os óculos escuros.

O presidente voltou a pedir a regulamentação das armas de fogo: "Não sou ingênuo. Sei que a tragédia vai acontecer de novo (...) Mas há coisas que podemos fazer. Podemos proibir armas de assalto em nossas ruas", afirmou.

Mas as iniciativas do presidente sempre se deparam com a oposição republicana, contrária a qualquer regulação.

- 200 ataques em massa com armas de fogo -A organização Gun Violence Archive registrou mais de 200 ataques maciços com armas de fogo até agora este ano nos Estados Unidos.

Um dos massacres mais graves foi o cometido no último sábado por este jovem branco que se declarou "fascista", "racista" e "anti-semita" em um manifesto de 180 páginas.

Biden lembrou que decidiu concorrer à Casa Branca porque foi insuportável para ele ver as manifestações da extrema direita em agosto de 2017 em Charlottesville, no estado da Virgínia.

Mas desde sua eleição ele só conseguiu constatar que o país está corroído pelo ódio racial e ensanguentado por armas de fogo.

Limitado por sua pequena maioria parlamentar, confrontado por estados conservadores com amplas prerrogativas e cercado por uma Suprema Corte de direita, Biden teve que se contentar em atuar com decretos no controle das armas de fogo.

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