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Segurança privada se espalha por bairros de Chicago em meio a onda de crimes

17/05/2022 15h31

Chicago, 17 Mai 2022 (AFP) - Para Patricia Horton, mãe de dois filhos residente no bairro de Lincoln Park, em Chicago, as patrulhas de segurança privada armada são uma resposta essencial ao agravamento dos crimes violentos nos Estados Unidos.

Grupos de moradores desta cidade do leste do país se uniram para contratar empresas de segurança privada, alegando que a polícia não tem recursos ou pessoal suficiente para manter a segurança da população.

O presidente americano, Joe Biden, considera as mortes por arma de fogo uma "epidemia" na sociedade e o medo público foi alimentado por tiroteios recentes, como o massacre racista em uma loja de conveniência em Buffalo, Nova York, no último fim de semana.

Em Chicago, guardas de segurança patrulham os bairros relativamente ricos e majoritariamente brancos de North Side, onde os crimes violentos aumentaram, embora o índice permaneça muito menor do que nas áreas predominantemente negras de South e West Side.

"Os políticos continuarão culpando uns aos outros e tudo o mais, incluindo a pandemia" de covid-19, disse Horton, de 44 anos, à AFP.

"O crime está fora de controle e a polícia está com escassez de pessoal ou simplesmente não está por perto. É realmente triste que isso seja necessário", prosseguiu.

- Policiais aposentados e de folga -Os custos e serviços variam, mas normalmente solicita-se que os moradores paguem US$ 100 por mês ou US$ 1.200 por ano.

No bairro de Wicker Park, por exemplo, um contrato com a empresa de segurança P4 custa 175.000 dólares por ano.

A P4 fornece veículos de patrulha, geralmente SUVs com câmeras dentro e fora, dirigidos por funcionários armados, que geralmente são policiais fora de serviço e aposentados. Vestindo coletes à prova de balas, eles fazem rondas pela área a cada poucos minutos.

No entanto, eles não abordam os criminosos diretamente, de acordo com o vice-presidente executivo da empresa, Paul Ohm.

"Não estamos nos envolvendo, não os perseguimos", explicou. "Chamamos a Polícia e fornecemos todas as informações que podemos: descrições de pessoas, veículos e ocorrências", segundo o executivo.

A P4 configura um grupo de mensagens da plataforma Slack para que os moradores se comuniquem entre si e com a empresa para alertar sobre atividades suspeitas, além de coisas mundanas, como um vizinho que esqueceu de fechar a porta da garagem.

Ohm destaca ainda que todos os moradores da vizinhança estão cobertos por seus serviços, mesmo que não paguem.

- Responsabilidade -A reação às patrulhas privadas, em um espectro mais amplo, é muito variada.

Um porta-voz da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) afirmou que "nos preocupa porque é difícil responsabilizá-los".

"Não sabemos que tipo de treinamento têm e se estão traçando um perfil das pessoas", acrescentou o porta-voz.

As autoridades de Chicago também têm reservas. A prefeita da cidade, Lori Lightfoot, apoia a segurança privada para lojas afetadas pelo aumento dos crimes violentos, mas não para áreas residenciais.

Respondendo diretamente aos moradores de Wicker Park que contrataram segurança privada, Lightfoot disse: "Preciso saber mais sobre qual é seu plano e escopo específicos, mas patrulhar as ruas, responder ao crime, esse é o trabalho do Departamento de Polícia de Chicago e eles fazem efetivamente".

A questão das patrulhas de segurança privada - que aborda raça, desigualdade, propriedade e segurança pessoal - tornou-se assunto de intenso debate político em Chicago e em outros lugares do país

Ray Lopez, um membro do conselho municipal que desafia Lightfoot nas eleições do próximo ano, disse que o crescimento da segurança privada é um sinal do fracasso da prefeita na questão e cria uma "sociedade dual".

"É absolutamente vergonhoso que tenha chegado a isso para fazer as pessoas se sentirem seguras", afirmou.

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