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Quero 'Estado forte' contra 'criminosos', diz candidato à presidência da Colômbia

18/05/2022 13h46

Armenia, Colômbia, 18 Mai 2022 (AFP) - Nem à direita, nem no centro, nem com o governo. Federico Gutiérrez evita "rótulos". Sou "o candidato do bom senso", diz o político chamado pelas forças tradicionais para conter uma eventual e inédita ascensão da esquerda ao poder na Colômbia.

"Fico", apelido com o qual faz campanha, venceu em março as primárias da coalizão de movimentos que se opõem a Gustavo Petro, o senador e ex-guerrilheiro que todas as pesquisas dão como favorito na eleição presidencial de 29 de maio. Gutiérrez espera forçar um segundo turno.

De acordo com a última pesquisa do Invamer de 29 de abril, Petro lidera a corrida com 43,6% das preferências, seguido por Gutiérrez, com 26,7%.

"O anão cresceu, e vamos ganhar a Presidência", afirma durante um comício em Armenia, na região centro-oeste.

Aos 47 anos, ele é o candidato mais jovem da disputa e nunca ocupou um cargo em nível nacional. Foi prefeito de Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, entre 2016 e 2019. Defende a linha-dura contra os grupos de narcotraficantes, e prisão perpétua, para corruptos e estupradores de crianças.

Embora seus adversários insistam em alinhá-lo com as elites do poder, Gutiérrez destaca sua "independência", enfatizando sua carreira de engenheiro civil. "Quem são nossos chefes? O povo", repete como um mantra.

Quando questionado sobre sua posição em relação ao impopular governo de Iván Duque, desconversa e volta a insistir que não vem de nenhuma "família política".

Confiram abaixo os principais trechos de sua entrevista à AFP:

- Pergunta: Por que a segurança é sua principal bandeira?- Resposta: Há territórios hoje do país, onde se vive a insegurança e aqui o que temos que fazer é dar essa tranquilidade aos cidadãos. Acredito muito no conceito de segurança integral, onde tem que haver um Estado forte contra as estruturas criminosas.

É que estamos nadando em drogas: são 245.000 hectares de cultivos ilícitos (...) e o fortalecimento financeiro de estruturas ilegais como o ELN [Exército de Libertação Nacional], dissidências das Farc, Clã del Golfo, "Caparros" [paramilitares e narcotraficantes], ou os [cartéis] mexicanos. O que fizeram foi que se fortaleceram militarmente e hoje ameaçam a população.

- P: Qual é sua posição em relação contra traficantes de drogas e plantadores de coca? -R: Eu acredito na abordagem de substituição de cultivos. O camponês não pode ser o inimigo. O camponês é vítima dessas estruturas criminosas, ele está nas áreas aonde o Estado não chegou, onde não há estradas para o campo ( ...) Nós vamos fazer uma substituição, mas aqui a luta é contra as estruturas criminosas, e minha política é sobre a interdição de rotas e laboratórios [de produção de drogas].

- P: O que você teme de um eventual governo de Gustavo Petro?R: Muitas coisas (...) porque o ódio não pode dominar um governante (...) Porque quem tem um discurso de luta de classes (...) destrói ainda mais o país. (...) Enquanto eles querem expropriar, queremos respeitar a propriedade privada. Enquanto eles querem acabar com o marco institucional, eu quero fortalecê-lo para que alcancemos mais colombianos. Ou seja, vamos trabalhar para tirar as pessoas da pobreza, não para ter mais pessoas na pobreza, que é o que aconteceria com eles, que tudo o que tocam eles deixam em cinzas.

- P: Continuidade, ou mudança frente ao governo Duque?R: Venho de um poder regional, sou um colombiano comum. Não venho de uma família de classe política, não venho de uma família rica. Tenho um processo independente, onde meus chefes são os cidadãos, onde não tenho partido político e onde tudo o que tiver funcionado na Colômbia até agora não só vou continuar, como vou melhorar. No que me diz respeito, depois que me empossarem como presidente, ninguém vai me ver falando mal dos outros governos. Não vou ficar pensando com retrovisor.

- Q: Você prefere ser colocado na direita, ou centro-direita?R: Sou o candidato do bom senso e presidente do povo. Me formei muito afastado das paixões políticas, porque não venho de família política e tenho minha independência. O que eu quero é trabalhar pelos colombianos.

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