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Manhã de horror: o que se sabe até agora sobre massacre no Texas

26/05/2022 20h04

Washington, 26 Mai 2022 (AFP) - Um dia depois de completar 18 anos, Salvador Ramos, da pequena localidade de Uvalde, no Texas, comprou seu primeiro rifle de assalto. Uma semana depois, ele entrou em uma escola local de ensino fundamental, onde atirou e matou 19 crianças e duas professoras.

As autoridades ainda estão tentando determinar o que levou Ramos a cometer o pior massacre escolar dos Estados Unidos em uma década. Isto é o que se sabe até agora sobre o caso:

- Como foi o ataque? -Descrito como um jovem que havia sofrido 'bullying' durante muito tempo e com um histórico de lesões autoprovocadas, Ramos completou 18 anos em 16 de maio e comprou seu primeiro rifle no dia seguinte. Três dias depois, comprou o segundo, e 375 cartuchos de munição.

O jovem, um desertor da escola secundária sem antecedentes criminais, publicou na terça-feira pela manhã três mensagens no Facebook anunciando seus planos, contou o governador do Texas, Greg Abbott, em coletiva de imprensa.

Na primeira, advertiu que iria atirar em sua avó, com quem vivia.

Abbott disse que Ramos feriu a mulher de 66 anos no rosto, mas ela conseguiu telefonar para a polícia e foi transferida de avião, em estado crítico, para um hospital nas proximidades de San Antonio, cerca de 130 km a oeste de Uvalde.

Após confirmar em uma segunda mensagem no Facebook que havia atacado sua avó, Ramos publicou uma terceira, dizendo que seu próximo alvo era uma escola de ensino fundamental.

Ele dirigiu então um pouco mais de 3 km e terminou colidindo perto da Robb Elementary School, onde os mais de 500 estudantes da segunda à quarta série, com idades entre sete e dez anos, estavam há apenas três dias das férias de verão.

Vestido de preto e com um colete à prova de balas, Ramos foi confrontado por um funcionário escolar, mas conseguiu entrar no edifício por uma porta traseira.

Depois, se dirigiu a duas salas contíguas.

"Ali foi onde começou a carnificina", disse Steve McCraw, diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas.

As identidades das vítimas foram sendo reveladas na medida em que seus familiares compartilham suas dores na internet: Xavier López, um menino de 10 anos que adorava dançar; Ellie García, a menina "mais feliz do mundo", nas palavras de seu pai, e Amerie Jo Garza, uma garota com um sorriso radiante que acabava de comemorar seu décimo aniversário.

- Como o atirador foi parado? -A polícia chegou ao local do massacre em resposta a um relato de um veículo acidentado.

Ao ouvir os disparos provenientes da escola, correram para dentro do recinto e foram atacados por disparos. Alguns policiais começaram a quebrar as janelas e a retirar crianças e funcionários.

A polícia ajudou a parar o atirador com uma equipe tática que incluía agentes da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos, que tem uma unidade nesta cidade situada a apenas 100 km da fronteira com o México.

"Ao entrar no edifício, os policiais e outros agentes trocaram tiros com o agressor, que estava entrincheirado", disse Marsha Espinosa, porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

As forças de segurança "se interpuseram entre o atirador e as crianças para desviar a atenção dele das possíveis vítimas", explicou.

Foram mais de 30 minutos desde que Ramos entrou na escola até que um dos agentes da Patrulha de Fronteira finalmente atirou contra ele e o matou.

- Quem era o atirador? -Ramos morava com a avó havia dois meses, disse McCraw. Segundo o governador Abbott, os departamentos de saúde locais não conheciam nenhum problema psicológico.

Uma prima, Mia, disse ao jornal The Washington Post que Ramos "não era uma pessoa muito social" e que tinha sido vítima de 'bullying' por sua gagueira. Adorava video games, segundo outro amigo.

Mas dois estudantes prestes a se formar na Escola Fundamental Robb, que disseram conhecer o atirador, o descreveram de um jeito diferente.

"Fui à escola com ele (...) Todos sabíamos dele", disse à AFP Jaime Cruz, de 18 anos.

"Lembro vividamente sendo um 'bully' na escola. Não era só que sofria de assédio, ele também era um 'bully' (assediador)", afirmou.

"Era um 'bully'. Era mau", comentou Ariana Diaz, de 17 anos, concordando com o colega.

Em entrevista à ABC News, a mãe de Ramos, Adriana Reyes, disse que seu filho podia ser agressivo quando se irritava, mas que "não era um monstro" e que não sabia que ele tinha comprado armas de fogo.

"Tinha uma sensação de desassossego algumas vezes", disse. "Todos sentimos raiva, mas alguns sentem mais do que outros".

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