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Dois combatentes britânicos e um marroquino condenados à morte por separatistas pró-russos da Ucrânia

09/06/2022 13h57

Moscou, 9 Jun 2022 (AFP) - Dois britânicos e um marroquino capturados no leste da Ucrânia por separatistas pró-Rússia foram condenados à morte nesta quinta-feira (9) na autoproclamada "República de Donetsk" como "mercenários" lutando a serviço de Kiev - anunciou a mídia russa.

"O Supremo Tribunal da República Popular de Donetsk condenou à morte os britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o marroquino Brahim Saadun, acusados de terem participado dos combates como mercenários" a serviço da Ucrânia, informou a agência oficial russa de notícias TASS.

Os três acusados "vão recorrer", disse o advogado de um deles, Pavel Kossovan, à TASS.

O governo britânico reagiu ao anúncio, manifestando grande preocupação.

"Estamos, evidentemente, profundamente preocupados. Repetimos que os prisioneiros de guerra não devem ser explorados com fins políticos", afirmou um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson.

"Segundo a Convenção de Genebra, os prisioneiros de guerra têm imunidade de combate e não devem ser processados por sua participação nas hostilidades", denunciou Downing Street.

De acordo com a TASS, Shaun Pinner e Brahim Saadun se declararam inocentes, na quarta-feira, das acusações de "mercenários", mas reconheceram sua participação nos combates "contra a tomada violenta do poder".

Os dois britânicos se renderam em abril em Mariupol, a cidade portuária no sul da Ucrânia capturada pelas forças russas após semanas de cerco, disse a agência de notícias Interfax.

Brahim se entregou em março na cidade de Volnovakha, no leste.

- Mudança para a Ucrânia em 2018 -A família de Aiden Aslin explicou no final de abril que ele se mudou para a Ucrânia em 2018, onde conheceu sua namorada, com quem decidiu se estabelecer em Mikolaiv.

Se alistou no corpo de fuzileiros navais ucranianos e serviu nesta unidade por quase quatro anos.

"Não é, ao contrário da propaganda do Kremlin, um voluntário, mercenário ou espião. Aijden tinha planos para seu futuro fora do exército, mas como todos os ucranianos, sua vida foi virada de cabeça para baixo pela invasão bárbara de Putin", disse sua família.

A família de Shaun Pinner também explicou que não era "nem um voluntário, nem um mercenário, mas está servindo oficialmente no exército ucraniano de acordo com a lei ucraniana".

Nas últimas semanas, autoridades pró-Moscou deram a entender que os soldados ucranianos capturados, especialmente os do regimento nacionalista Azov, poderiam ser julgados, com a possibilidade de serem condenados à morte.

Desde 1997, uma moratória sobre a pena de morte está em vigor na Rússia, mas este não é o caso nos dois territórios separatistas do leste ucraniano.

bur/js/s/mr/tt/ap