MP espanhol investigará mortes de migrantes na fronteira com Marrocos
Madri, 28 Jun 2022 (AFP) - O Ministério Público espanhol anunciou nesta terça-feira (28) uma investigação sobre as mortes, na sexta-feira passada, de ao menos 23 pessoas durante uma tentativa de 2.000 migrantes de entrar no enclave espanhol de Melilla a partir do Marrocos.
O MP informou em comunicado a abertura da "averiguação das circunstâncias dos fatos ocorridos em 25 de junho na fronteira de Melilla e durante os quais, de acordo com informações jornalísticas, ao menos 23 pessoas perderam a vida em território marroquino".
As Nações Unidas cobraram hoje uma investigação independente dos fatos que deixaram o maior número de vítimas registrado nas inúmeras tentativas de imigrantes subsaarianos de entrar em Melilla e Ceuta, o outro enclave espanhol, as únicas fronteiras terrestres da UE com a África.
O MP argumentou que baseou sua decisão na "importância e gravidade dos fatos ocorridos, que podem afetar os direitos humanos e os direitos fundamentais das pessoas".
Desde sexta-feira, o número de vozes pedindo uma investigação para esclarecer as circunstâncias desse drama migratório vem aumentando.
O governo espanhol culpou as máfias que traficam migrantes.
De acordo com a ONG Associação Marroquina para os Direitos Humanos (AMDH), o número de mortos nos eventos desta sexta-feira subiu para 27.
Por sua participação no ocorrido, a justiça marroquina decidiu processar 65 migrantes, a maioria sudaneses, disse seu advogado à AFP nesta segunda-feira.
Por sua vez, a ONU pediu a ambos os países que garantissem "uma investigação eficaz e independente".
"O uso excessivo da força é inaceitável", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
"Estamos chocados com a violência na fronteira entre Nador e Melilla na sexta-feira, que causou a morte de dezenas de migrantes e requerentes de asilo" quando tentavam atravessar de Marrocos para Espanha", acrescentou.
Cerca de cinquenta migrantes manifestaram-se terça-feira em frente ao gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em Rabat, contra o tratamento "desumano" infligido pelas forças policiais marroquinas na sexta-feira e para reivindicar o estatuto de refugiado.
tpe/du/rs/mb/mr/am
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