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Indígenas do Equador marcham pela retomada de diálogo com governo

29/06/2022 16h33

Quito, 29 Jun 2022 (AFP) - Grupos de indígenas do Equador que protestam há mais de duas semanas contra o alto custo de vida, marchavam pacificamente nesta quarta-feira (29) no centro de Quito pedindo a retomada das negociações suspensas pelo governo, constataram jornalistas da AFP.

Aos gritos de "Não queremos dez centavos, queremos resultados", centenas de manifestantes caminhavam pelas ruas do centro histórico, vizinhas ao Palácio de Carondelet, sede do Executivo, para pedir também uma redução de até 21% nos preços dos combustíveis.

Os arredores do Carondelet estão bloqueados com cercas de metal e arames farpados, além de policiais.

Um manifestante vestindo um poncho vermelho, que estava à frente de uma das caravanas, acompanhado de homens com escudos improvisados, pegou um megafone e disse: "Vamos permanecer aqui até que o senhor presidente da república reinstale o diálogo".

"Se temos que dormir aqui, se temos que encurralar o palácio do governo, o faremos", advertiu.

O presidente de direita Guillermo Lasso suspendeu na terça-feira as negociações estabelecidas um dia antes por representantes do Executivo e a poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), liderada por Leonidas Iza.

O presidente tomou a decisão após um ataque de manifestantes contra militares e policiais, que deixou um agente morto e outros doze feridos na Amazônia.

"Não vamos negociar com quem mantém o Equador refém", declarou Lasso.

Iza, que disse sentir "medo" de um possível "atentado" contra sua vida, respondeu que continuará em Quito aberto ao diálogo. Ele pediu que as mobilizações "sejam feitas em paz".

Em meio aos protestos, iniciados em 13 de junho, Lasso reduziu em dez centavos de dólar (até 5%) as cotações dos combustíveis, que desde a terça-feira custam 1,80 dólar o galão de diesel e 2,45 dólares o de gasolina comum.

A Conaie, que participou de revoltas que depuseram três presidentes entre 1997 e 2005, considera insuficiente esta revisão e mantém a reivindicação de que o diesel baixe para 1,50 dólar (18%) e a gasolina, para U$ 2,10 (21%).

Nas manifestações desta quarta-feira em Quito, aonde foram cerca de 10.000 indígenas que saíram de suas comunidades, outro homem se dirigiu aos membros das forças de ordem que guardavam a rua. "Viemos fazer esta marcha pacífica, não viemos enfrentar ninguém", disse-lhes.

Na passagem da caravana, os comércios fecharam as portas por medo de atos violentos.

Na noite de terça foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais no norte da capital equatoriana. Duas estações da polícia foram incendiadas.

Quando o protesto da Conaie completa 17 dias, o balanço de vítimas dá conta de seis mortos e mais de 600 feridos, entre agentes e civis, assim como cerca de 150 detidos.

pld/yow/mvv