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Rússia acelera incorporação do sul da Ucrânia

Vladimir Putin visita soldados russos feridos na guerra contra a Ucrânia - SPUTNIK/via REUTERS
Vladimir Putin visita soldados russos feridos na guerra contra a Ucrânia Imagem: SPUTNIK/via REUTERS

29/06/2022 14h38

As autoridades de ocupação que controlam o sul da Ucrânia anunciaram nesta quarta-feira (29) a inauguração de linhas de trem e de ônibus para a Crimeia e a abertura de cartórios, escolas e bancos russos para integrar essas regiões à órbita de Moscou.

O chamado "ministério" do Interior na região de Kherson, ocupada desde março pelas tropas russas, informou que, a partir de sexta-feira, haverá serviço de ônibus duas vezes por dia entre Kherson e Simferopol, a capital da Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

Também haverá uma linha entre Simferopol e as cidades ocupadas de Melitopol e Berdiansk, na região ucraniana de Zaporizhzhia, que está parcialmente controlada pelo exército russo.

Além disso, uma linha de trem funcionará entre a cidade de Dzhankoi, na Crimeia, e Kherson e Melitopol.

"A Rosgvardia [guarda nacional russa] garantirá a segurança dos transportes", detalharam os dirigentes de ocupação.

As autoridades também informaram que o primeiro banco da Rússia abriu uma sucursal em Kherson. Trata-se do Promsvyazbank, um banco conhecido por financiar o setor de defesa e que está sob sanções ocidentais.

A administração também abrirá um cartório de registro civil "com os padrões da Rússia" para registrar nascimentos, mortes e casamentos.

"Os serviços não são apenas voltados aos cidadãos russos, mas também àqueles que ainda não tiveram tempo de fazer o pedido de cidadania russa", indicaram as autoridades, que desde 11 junho entregam passaportes russos.

Em Melitopol, o Serviço Federal Russo de Supervisão de Educação começou nesta quarta-feira a entregar aos alunos certificados de estudos, indicou o governo de ocupação, citado pela agência RIA Novosti.

Em 21 de junho, os canais de televisão russos começaram a ser transmitidos na região.

Referendo

Desde que esses territórios foram tomados no sul da Ucrânia, Moscou realiza uma política para instaurar sua moeda, o rublo, emitir seus passaportes e as vozes críticas são reprimidas. Ademais, a atividade econômica está amplamente controlada pelo governo de ocupação.

No início da ofensiva, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que seu país não ocuparia a Ucrânia.

Desde então, o Kremlin afirma que caberá aos habitantes escolher o seu destino, insinuando que é favorável a um referendo para organizar uma anexação, como ocorreu na Crimeia.

As novas autoridades locais pró-russas não param de insistir para que sejam organizados referendos sobre sua vinculação à Rússia.

O subdiretor da administração pró-Rússia de Kherson, Kirill Stremousov, reiterou nesta quarta-feira no Telegram que um referendo estava sendo preparado, mas não detalhou quando o mesmo iria ocorrer.

Contudo, nas últimas semanas foram realizados vários ataques na região contra autoridades ligadas ao Kremlin.

Em 24 de junho, um responsável pró-Rússia morreu em Kherson na explosão de seu carro, um ato que Moscou classificou de "terrorista".

Nas últimas semanas, as forças ucranianas retomaram a ofensiva na região de Kherson e estão ganhando terreno das forças russas, que têm grande parte de seu contingente concentrado no Donbass, no leste.