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Presidente do México chama crítico judeu de 'hitleriano'

López Obrador teve como alvo na quarta-feira o comentarista político Carlos Alazraki - Franciso Canedo / Xinhua
López Obrador teve como alvo na quarta-feira o comentarista político Carlos Alazraki Imagem: Franciso Canedo / Xinhua

30/06/2022 17h50Atualizada em 30/06/2022 18h23

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, tornou-se protagonista de uma polêmica com a comunidade judaica do país, após afirmar que um de seus integrantes, crítico do governo, tinha um pensamento "hitleriano".

López Obrador teve como alvo na quarta-feira o comentarista político Carlos Alazraki, que, segundo o presidente, teria um pensamento ultraconservador parecido com o do ditador nazista Adolf Hitler.

A comunidade "rejeita o uso do termo 'hitleriano' para referir-se a qualquer pessoa" e considera "lamentável e inaceitável" qualquer comparação com o "regime mais sanguinário da história", escreveu o Comitê Central da Comunidade Judaica do México em um breve comunicado.

Mas, longe de se desculpar, o presidente de esquerda insistiu nesta quinta-feira em suas declarações, ao afirmar que as ideologias de líderes acusados de graves crimes contra a humanidade, como Hitler, o italiano Benito Mussolini, o russo Josef Stalin ou o espanhol Francisco Franco seguem vivas nos dias de hoje.

"Seu pensamento, os ideais não morrem. Eu me referia a isso, aos ideais. O senhor Alazraki é seguidor do pensamento de Hitler", reiterou.

Em relação ao protesto da comunidade judaica, López Obrador afirmou ter amigos judeus, que chamou de "gente trabalhadora, do bem".

"Mas isso não significa que toda a comunidade tenha uma espécie de carta branca para poder prejudicar, afetar um movimento de transformação apenas por causa de seus ideais, seus pensamentos, seu conservadorismo e, repito, seu hitlerismo", acrescentou, em alusão ao seu governo.

Alazraki, um publicitário que tem uma coluna no jornal El Universal, ratificou suas críticas a López Obrador, que ele diz estar causando "danos gigantescos" ao México.

E sim, presidente, sou neoliberal, conservador, e 'fifi' (pessoa rica de modos requintados)", escreveu Alazraki em sua coluna, ao retomar alguns dos adjetivos que López Obrador usa contra seus críticos.

De acordo com número oficiais, no México vivem 59 mil pessoas que praticam a religião judaica. Os membros desta comunidade têm forte presença no setor empresarial e são figuras de destaque na cultura.

Entre políticos de origem judaica, destaca-se a prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, próxima ao presidente e possível candidata a sucedê-lo a partir de 2024.