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A vida do opositor russo Navalny na prisão, entre sessões "educativas" e costura

01/07/2022 14h55

Moscou, 1 Jul 2022 (AFP) - O principal opositor russo, Alexei Navalny, contou nesta sexta-feira (01), em tom sarcástico, seu dia a dia na prisão de segurança máxima para onde foi transferido. Sua estadia inclui oficinas de costura e sessões "educativas" abaixo do retrato do presidente Vladimir Putin.

Com a entrada em vigor de uma nova sentença judicial, o opositor foi transferido em meados de junho para uma prisão localizada 250 km a leste de Moscou, conhecida pelos maus tratos contra os detentos.

Em uma mensagem publicada no Instagram, Navalny deu detalhes do cárcere. Ele se levanta às 6h00 todos os dias e trabalha em uma oficina de costura no local.

"Permanecemos durante sete horas diante de uma máquina de costura, sentados em um banquinho mais baixo que os joelhos", contou.

Quando não está costurando, deve realizar "atividades educativas" consistentes em "sentar-se por horas em um banco abaixo de um retrato do Putin".

Navalny incluiu não saber "a quem esse tipo de atividade pode 'educar', exceto, eventualmente, um inválido com as costas doendo".

"No sábado, a jornada de trabalho dura cinco horas. Depois, temos que sentar novamente no banco, abaixo do retrato", explicou. No domingo é o "dia do descanso", mas mesmo assim deve voltar ao banco "durante dez horas".

Ainda assim, Navalny afirma se manter "otimista" e contou que memorizou passagens de "Hamlet", de Shakespeare, em inglês.

"Os presos que trabalham comigo dizem que quando cerro os olhos e murmuro coisas em inglês shakespeariano [...] parece que estou invocando o demônio", brincou Navalny.

"Mas isso não me ocorre: invocar o demônio seria uma violação do regulamento interno", acrescentou o opositor.

Ele apontou que as autoridades penitenciárias acusam ele de infrações fictícias, a fim de endurecer suas condições de detenção.

Alexei Navalny foi detido em janeiro de 2021 em seu regresso de Berlim, onde esteve recuperando-se por meses após ter sobrevivido por pouco a um envenenamento, do qual acusa o presidente Vladimir Putin.

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