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Highland Park, a rica cidade atingida pelo tiroteio, acorda em choque

05/07/2022 20h21

Highland Park, Estados Unidos, 5 Jul 2022 (AFP) - Ao longo da Avenida Central, principal artéria de Highland Park, onde um jovem abriu fogo contra a multidão durante o desfile de 4 de julho, carrinhos de bebê, triciclos e cadeiras dobráveis abandonados são lembranças da tragédia que atingiu essa cidade nos arredores de Chicago.

Uma toalha com a bandeira americana repousa na grama. É mais um sinal do caos do dia anterior, quando um homem armado no telhado de uma loja disparou contra dezenas de pessoas, seis das quais foram mortas.

Natalie Belloff foi até o local. "Estou horrorizada, furiosa, nervosa, perturbada", disse à AFP a estudante de 20 anos da Universidade de Illinois.

Nascida em Highland Park, ela frequentou a mesma escola que o suposto atirador, Bobby Crimo, embora não o conhecesse.

Às margens do lago Michigan, Highland Park se destaca por suas casas luxuosas. Agora, faz parte da triste lista de cidades que já foram palco de tiroteios nos Estados Unidos.

O atirador de 21 anos escolheu suas vítimas aleatoriamente durante o desfile anual do Dia da Independência, indicou a polícia nesta terça-feira.

- Segunda Emenda -Nos postes em frente aos prédios de tijolos vermelhos, voam bandeiras dos EUA junto com as do orgulho LGBT e, atrás da fita amarela que bloqueia o acesso, trabalham agentes do FBI.

Para Belloff, os Estados Unidos precisam adotar leis que restrinjam mais o acesso às armas de fogo.

"Podemos ter a Segunda Emenda sem a necessidade de comprar um fuzil de assalto aos 20-21 anos", disse ela, referindo-se à norma constitucional que garante a posse de armas no país.

Ivana Spasova, que se diz "chocada", ecoa este sentimento: "Não deveríamos dar aos jovens acesso a armas e, acima de tudo, armas de tipo militar", declarou esta entregadora de 25 anos perto do cordão policial. "É uma comunidade segura", disse sobre a cidade.

Susan Millner, de 45 anos, esteve com a mãe no local do tiroteio. As duas iriam assistir ao desfile na segunda-feira como fazem todos os anos com sua família, mas este ano não puderam ir.

Para Millner, além das armas, há uma "grande crise de saúde mental" nos Estados Unidos. "Não temos recursos para combatê-la", apontou esta terapeuta, que frisa que a situação se agravou após a pandemia, sobretudo entre os jovens.

- Elite de Chicago -Nas ruas arborizadas próximas ao local da tragédia, figuram as luxuosas casas de Highland Park e seus jardins bem cuidados.

Localizada a cerca de 40 km do centro de Chicago e seus problemas de criminalidade, Highland Park é conhecida pelo contrário, por ser um lugar tranquilo. O município de 30 mil habitantes chegou a decretar a proibição dos fuzis de assalto em 2013.

A cidade também é conhecida por abrigar uma parte da elite de Chicago. O astro do basquete Michael Jordan morava lá, em uma casa avaliada em cerca de 15 milhões de dólares, durante seu tempo nos Bulls.

O famoso arquiteto americano Frank Lloyd Wright foi responsável por projetar vários imóveis de Highland Park.

Na década de 1980, algumas residências serviram de cenário para filmes como "Negócio Arriscado", estrelado por Tom Cruise, e "Curtindo a Vida Adoidado".

- "Classe média" -Poucas horas após o massacre, a polícia prendeu o suposto atirador, Robert Crimo, conhecido como "Bobby". As autoridades informaram nesta terça-feira que ele planejava o ataque há "várias semanas" e se "disfarçou de mulher" para evitar ser identificado.

Nascido na região, ele morava em Highwood, uma cidade perto de Highland Park.

Um dos vizinhos de Crimo, Dave MacNerland, descreveu o subúrbio à AFP como um lugar onde "as pessoas são muito amigáveis". A comunidade é em grande parte "classe média".

Em frente à casa do suspeito, um velho carro cinza está estacionado no gramado. Na porta há um grande adesivo com o número "47", o misterioso número que Crimo tem tatuado em sua têmpora.

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