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Forças colombianas abatem principal chefe das dissidências das Farc

15/07/2022 16h38

Bogotá, 15 Jul 2022 (AFP) - Néstor Vera, conhecido como "Iván Mordisco", o principal líder dos dissidentes das Farc, morreu junto com outros nove rebeldes em um ataque das Forças Armadas colombianas no sudoeste do país - informou o Ministério da Defesa nesta sexta-feira (15).

"Esta operação permitiu a neutralização de nove indivíduos dessa primeira frente de dissidentes das Farc e a neutralização de 'Iván Mordisco'", disse à imprensa o responsável pela pasta, Diego Molano.

"Cai o último grande líder das Farc e dá-se um golpe final às dissidências", acrescentou o ministro.

Durante várias semanas, 500 soldados foram mobilizados pela selva do departamento de Caquetá para encontrar Mordisco, que assumiu recentemente o comando das dissidências após a suposta morte de 'Gentil Duarte', detalhou o comandante das Forças Militares, general Luis Fernando Navarro.

Em 8 de julho, os militares lançaram "uma operação estratégica com o esforço principal da Força Aérea" na qual morreram os dez insurgentes, detalhou o general.

Entre os mortos estão quatro pessoas do círculo próximo de Vera, entre elas sua companheira, "codinome Lorena", e outras duas mulheres.

A polícia divulgou a foto de uma boina verde com o broche de uma estrela vermelha e o símbolo da foice e do martelo, encontrada na área da operação e que teria pertencido ao falecido líder guerrilheiro.

"A estrutura do conhecido como 'Iván Mordisco' era uma das piores ameaças à Colômbia e foi destruída pelos heróis da nossa força pública", comemorou o presidente Iván Duque.

As autoridades não informaram a idade de Vera, mas segundo Molano, juntou-se à insurgência havia 35 anos.

- O primeiro dissidente -Em julho de 2016, faltando quatro meses para a assinatura do acordo que pôs fim a cinco décadas de insurgência, Vera se tornou o primeiro chefe das Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (Farc) a abandonar o processo de paz junto com vários subordinados da frente guerrilheira Armando Ríos.

Desde então, começou a recrutar novos combatentes para assumir o controle das florestas do sudeste da Colômbia, principal exportador de cocaína do mundo.

Segundo o exército, nos rios da região seus homens gerenciam o envio de cargas de maconha e cocaína para a Venezuela e o Brasil.

As autoridades também atribuem a Mordisco a ordem para dezenas de ataques mortais contra a força pública, deslocamentos forçados e assassinatos de líderes sociais.

Também é acusado de ter mantido sequestrado durante dois meses um funcionário da ONU em 2017.

O governo oferecia uma recompensa de quase 700 mil dólares por informações sobre o paradeiro. "Fontes humanas" colaboraram na operação e receberão o dinheiro, assegurou o diretor da polícia, general Jorge Luis Vargas.

- Golpe à "refundação" -Mordisco assumiu o comando de quase 2.000 rebeldes após a suposta morte de "Gentil Duarte", que liderou o chamado Bloco Sudoeste das dissidências até o final de maio, quando caiu na Venezuela durante um combate com uma quadrilha de traficantes, segundo a Inteligência colombiana.

De acordo com o governo, o grupo está em meio a uma disputa feroz pelas rotas do narcotráfico com outra facção dissidente chamada Segunda Marquetalia, liderada pelo ex-chefe das Farc Iván Márquez. Este último fez parte do acordo antes de voltar a pegar em armas em 2019.

A Colômbia afirma que Márquez foi, recentemente, alvo de um ataque na Venezuela e está ferido, internado em um hospital desse país vizinho. Caracas garante que esta versão é uma "especulação".

"Hoje, na Colômbia não tem mais nenhum dos cabeças, dos grandes chefões, que as Farc tinham (...) é um golpe fundamental nos planos de refundação que eles tinham", frisou Molano.

Sem um comando unificado, as dissidências somam cerca de 5.200 militantes distribuídos em diferentes regiões do país, segundo a ONG Indepaz, e se financiam, principalmente, do tráfico de drogas e da exploração ilegal de ouro e de outros minerais.

A maioria (85%) é composta de novos recrutas que nunca estiveram na extinta organização rebelde, segundo a mesma fonte.

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