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China prossegue com exercícios militares ao redor de Taiwan

Aeronave do Exército de Libertação Popular da China sobrevoa ponto próximo a Taiwan no dia 5 de agosto - ALY SONG/REUTERS
Aeronave do Exército de Libertação Popular da China sobrevoa ponto próximo a Taiwan no dia 5 de agosto Imagem: ALY SONG/REUTERS

08/08/2022 06h04

A China prosseguiu nesta segunda-feira (8) com os exercícios militares ao redor de Taiwan, desafiando os apelos do Ocidente e do Japão para que o país conclua as maiores manobras militares de sua história nas proximidades da ilha que considera parte de seu território.

"O Exército Popular de Libertação (EPL) da China continuou executando exercícios conjuntos práticos e treinamento no mar e espaço aéreo ao redor da ilha de Taiwan, concentrado em organizar operações conjuntas submarinas e de ataques marítimos", afirmou o Comando Leste do exército chinês em um comunicado.

A China iniciou as manobras com munição real em seis grandes áreas ao redor de Taiwan na quinta-feira, um dia após a visita da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha.

Os exercícios deveriam terminar, a princípio, no domingo, de acordo com a Administração de Segurança Marítima chinesa.

No domingo, no entanto, nem China nem Taiwan confirmaram a conclusão. O ministério taiwanês dos Transportes mencionou apenas uma redução parcial.

O texto do EPL não informa as zonas das manobras nem se foram executadas com "munição real".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, denunciou no sábado a "total desproporção" da reação chinesa e divulgou um comunicado conjunto com seus colegas do Japão e Austrália para pedir o fim dos exercícios. 

Nesta segunda-feira, Taiwan criticou a China por prolongar suas manobras militares.

"O Ministério das Relações Exteriores condena veementemente a decisão da China de estender suas manobras militares. A provocação e agressão da China prejudicaram o status quo do Estreito de Taiwan e aumentaram as tensões na região", afirma um comunicado.

- "Advertência" -

A China considera que Taiwan, uma ilha de 23 milhões de habitantes, é uma província que ainda não conseguiu reunificar com o restante de seu território após o fim da guerra civil chinesa (1949).

Em resposta à viagem de Pelosi, a segunda na linha de sucessão presidencial americana, a China suspendeu a cooperação com os Estados Unidos em vários temas cruciais, incluindo a luta contra a mudança climática e questões de defesa.

O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, não confirmou de maneira formal a organização de novos exercícios, mas destacou que a reação do país é "legítima, racional e legal".

"Trata-se de uma advertência aos que provocam problemas, assim como aos partidários da independência de Taiwan", afirmou à imprensa, antes de defender o que chamou de manobras militares "transparentes e profissionais".

"Pedimos aos Estados Unidos um exame de consciência e que retifiquem seu erro o mais rápido possível... além de parar de jogar a carta de Taiwan para impedir (o desenvolvimento da) China", acrescentou.

Durante os exercícios, a China mobilizou aviões de combate, navios de guerra e mísseis balísticos ao redor de Taiwan, o que analistas consideraram uma simulação de bloqueio e invasão da ilha.

- Exercícios taiwaneses -

Para demonstrar como se aproximou das costas de Taiwan, o exército chinês divulgou um vídeo da costa e das montanhas da ilha filmado por um piloto.

Também divulgou uma foto que alega ter sido feita de um de seus navios militares que patrulhava as proximidades de Taiwan, que mostra ao longe a costa da ilha.

O primeiro-ministro taiwanês, Su Tseng-chang, afirmou no domingo que "o uso brutal da força militar por parte da China perturba a paz e a estabilidade".

O exército da ilha permaneceu em alerta durante as manobras chinesas e planeja iniciar os próprios exercícios a partir de terça-feira.

As forças taiwanesas treinarão para enfrentar desembarques na terça-feira e quinta-feira na região  Pingtung (sul). Centenas de soldados e quase 40 canhões serão mobilizados para os exercícios.

O exército de Taiwan afirmou que os exercícios já estavam programados e não são uma resposta à China.

De acordo com analistas, as manobras revelam que o exército chinês é cada vez mais capaz de executar um duro bloqueio de Taiwan, além de obstruir a chegada de forças americanas.

"Em algumas áreas, suas capacidades podem até superar as capacidades dos Estados Unidos", disse à AFP Grant Newsham, pesquisador do Fórum Japonês de Estudos Estratégicos e ex-oficial da Marinha americana.

"Se uma (futura) batalha se limitar à zona que cerca Taiwan, a marinha chinesa é um oponente perigoso. E se americanos e japoneses não intervirem por algum motivo, será muito difícil para Taiwan", acrescentou.

hl/ka/thm/zm/mar/fp

© Agence France-Presse