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Relatório pede ações para prevenir concussões cerebrais em atletas

16/08/2022 12h11

Uma pesquisa internacional coordenada é vital para fortalecer a compreensão do vínculo entre as concussões cerebrais dos atletas e o desenvolvimento de demência, segundo um relatório publicado nesta terça-feira no Reino Unido.

Um estudo elaborado pela Alzheimer Research Trust e a Health Policy Partnership foi realizado depois da decisão de ex-jogadores de rugby denunciarem a World Rugby e as federações inglesa e galesa por fracassarem na hora de protegê-los de lesões neurológicas crônicas.

Entre os cerca de 200 denunciantes estão o ex-capitão galês Ryan Jones e o hooker inglês Steve Thompson, campeão mundial em 2003, assim como muitos ex-atletas diagnosticados com demência precoce e que sofreram outros danos neurológicos irreversíveis.

Vários estudos demonstraram uma relação entre as concussões cerebrais e um maior risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, assim como o fato de que os ex-atletas profissionais têm mais chances de se expor a tais patologias.

Pesquisas anteriores realizadas por Willie Stewart, um especialista em neuropatologia de Glasgow, mostraram que os ex-jogadores de futebol profissionais têm 3,5 vezes mais chances de morrer de doenças neurodegenerativas do que a população em geral.

O novo relatório da Alzheimer's Research Trust e da Health Policy Partnership explica que é necessária a criação de um consórcio internacional de pesquisadores e órgãos de financiamento para compreender melhor estes vínculos.

"Existem muitas limitações nas pesquisas existentes que dificultam a comparação dos dados para se chegar a conclusões gerais", afirma o estudo, chamado "Demência e esporte: prioridades de investigação para o futuro".

"Os estudos muitas vezes não são comparáveis, com diferenças nas metodologias e definições utilizadas para as principais medidas. Os métodos de avaliação e a duração dos acompanhamentos também variam amplamente", acrescenta o estudo.

O relatório recomenda estabelecer estudos a longo prazo e que vão além dos atletas homens para cobrir os fatores de risco em outros grupos, incluindo crianças, adolescentes e mulheres.

A Alzheimer's Research UK investirá 500 mil libras para desenvolver as pesquisas identificadas como prioritárias no relatório.

A apresentadora de esportes Hayley McQueen, filha do ex-zagueiro da seleção da Escócia e do Manchester United Gordon McQueen, que vive com demência vascular, recebeu com satisfação a publicação do relatório.

"Por ter testemunhado em primeira mão a devastação que a demência causa às pessoas, suas famílias e amigos, é hora de se unir ao redor da mesa e trabalhar em união para conseguir uma melhor compreensão e que seja possível atuar com exatidão", declarou Hayley.

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© Agence France-Presse