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Magnata canadense condenado a 13 anos de prisão na China

19/08/2022 06h02

O magnata canadense de origem chinesa Xiao Jianhua, que desapareceu de maneira misteriosa em um hotel em Hong Kong em 2017, foi condenado a 13 anos de prisão por fraude, anunciou nesta sexta-feira a justiça da China.

Xiao era um dos homens mais ricos da China no momento de sua detenção, com uma fortuna avaliada em 6 bilhões de dólares. Seu conglomerado, Tomorrow, era um grupo diversificado com interesses em setores como banco, seguros e construção civil.

Até seu desaparecimento, Xiao vivia em Hong Kong em um apartamento do hotel Four Seasons, considerado então um refúgio para magnates chineses.

O empresário foi condenado por "desvio de recursos públicos e uso ilegal de fundos", informou em um comunicado o Tribunal Número 1 de Xangai.

Também terá que pagar uma multa de 6,5 milhões de yuanes (950.000 dólares).

O conglomerado Tomorrow foi condenado a pagar quase 55 bilhões de yuanes (US$ 8,08 bilhões).

O desaparecimento do empresário, considerado próximo a vários líderes do regime comunista chinês, provocou um grande impacto há cinco anos na ex-colônia britânica, que tem um marco jurídico diferente do que vigora na China continental.

De acordo com informações da imprensa, o empresário foi capturado em janeiro de 2017 por agentes de Pequim, quando funcionários da China continental não estavam autorizados a agir no território semiautônomo.

O empresário pode ter sido vítima da campanha de combate à corrupção do presidente chinês Xi Jinping, que segundo os críticos foi utilizada para atacar seus rivais políticos.

Desde o desaparecimento do magnata, as autoridades chinesas permaneceram em silêncio sobre o caso, até que no mês passado a embaixada do Canadá em Pequim confirmou a abertura do processo, sem especificar as acusações contra Xiao. Nenhum diplomata canadense foi autorizado a acompanhar o julgamento.

"A China não reconhece a dupla cidadania", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

"Portanto, Xiao Jianhua não goza do direito à proteção consular", acrescentou.

A captura do empresário provocou o temor de que outros moradores de Hong Kong poderiam ser levados à força para a China continental, onde a justiça é amplamente subserviente ao Partido Comunista Chinês. 

O receio alimentou as grandes manifestações pró-democracia organizadas em Hong Kong em 2019.

bur-qan/sbr/ka/avl/meb/fp

© Agence France-Presse