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Quarto vazamento detectado no gasoduto Nord Stream no Mar Báltico

29/09/2022 09h01

A Guarda Costeira da Suécia detectou nesta quinta-feira (29) o quarto vazamento nos gasodutos Nord Stream que ligam a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, incidentes denunciados pela Otan como uma sabotagem "imprudente".

Os gasodutos que seguem traçados quase paralelos estão no centro das tensões provocadas pelo corte no fornecimento de gás russo à Europa como resposta às sanções ocidentais pela invasão da Ucrânia.

Alvo de suspeitas ocidentais pela suposta sabotagem, a Rússia se defendeu e afirmou que suspeita "do envolvimento" de um Estado estrangeiro, além de ter convocado uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o tema na sexta-feira.

"É muito difícil imaginar que um ato terrorista deste tipo possa acontecer sem a participação de um Estado", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pedindo novamente "uma investigação urgente".

A Guarda Costeira da Suécia anunciou nesta quinta-feira que existem quatro vazamentos nos gasodutos, dois em sua zona econômica exclusiva e dois na área da Dinamarca, todos em águas internacionais.

O quarto vazamento foi localizado ao nordeste da ilha dinamarquesa de Bornholm, acima do gasoduto Nord Stream 2, explicou a Guarda sueca.

No início da semana foram anunciados três vazamentos, dois na Dinamarca e um na Suécia, depois de duas supostas explosões na segunda-feira perto de Bornholm.

Os dois gasodutos, operados por um consórcio controlado pela empresa russa Gazprom, não estavam em funcionamento devido à guerra na Ucrânia, mas ainda estão repletos de gás.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) denunciou nesta quinta-feira que os danos parecem ser resultado de "atos de sabotagem deliberados e irresponsáveis".

"Os vazamentos estão provocando riscos para os navios e um dano substancial ao meio ambiente", afirmou a aliança militar em um comunicado.

Por precaução, a Finlândia, vizinha da Rússia, ordenou nesta quinta-feira um reforço da segurança em torno das suas infraestruturas estratégicas, com especial atenção à rede elétrica, anunciou a ministra das Finanças, Annika Saarikko. 

Da mesma forma, na Suécia, as duas principais usinas nucleares, localizadas em Forsmark (centro-leste) e Ringhals (sudoeste), disseram à AFP que passaram para o nível de "vigilância reforçada".

A Rússia negou envolvimento nas explosões. O governo dos Estados Unidos fez o mesmo e afirmou que as insinuações de Moscou eram "ridículas".

O Serviço de Segurança da Rússia iniciou uma investigação de "terrorismo internacional" sobre os vazamentos e destacou que os incidentes provocaram "dano econômico significativo" ao país.

- Consequências ambientais -

Institutos sismológicos afirmaram na terça-feira que registraram "com toda probabilidade" explosões na região antes da detecção dos vazamentos.

Os vazamentos estão provocando bolhas de vários metros de comprimento na superfície do mar que impossibilitam a inspeção imediata das tubulações, segundo os países afetados.

As autoridades dinamarquesas afirmaram que os vazamentos continuarão até o fim do gás nas tubulações, algo que deve acontecer no domingo.

Um navio da Guarda Costeira sueca especializado em descontaminação está na região com um veículo submarino controlado remotamente. Embarcações dinamarquesas também foram enviadas ao setor.

"De acordo com a tripulação, o fluxo de gás visível na superfície continua sendo constante", afirmaram as autoridades suecas.

Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia, afirmou que é "muito óbvio" quem está por trás dos incidentes.

Também destacou que a escassez de gás natural devido à guerra na Ucrânia pode provocar um inverno complicado na Europa.

"Na ausência de uma surpresa negativa de grandes proporções, acho que a Europa, em termos de gás natural, pode sobreviver a este inverno. Com muitos problemas em termos de preços e aspectos econômicos e sociais, mas podemos superar", disse.

Os grupos de defesa do meio ambiente afirmam que os gasodutos Nord Stream 1 e 2 continham quase 350.000 toneladas de gás natural-metano.

O Greenpeace afirma que os vazamentos podem liberar quase 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que equivale a dois terços das emissões anuais da Dinamarca.

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© Agence France-Presse