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Assembleia da OEA começa em Lima com mensagem de Zelensky

05/10/2022 11h02

A 52ª Assembleia Geral da OEA, principal fórum político das Américas, teve início nesta quarta-feira em Lima, com uma mensagem do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que pediu à região para condenar a invasão russa e se somar às sanções contra Moscou. 

Sob o lema "Juntos contra a desigualdade e a discriminação", a reunião anual da OEA foi aberta por seu secretário-geral, Luis Almagro, e pelo presidente do Peru, Pedro Castillo.

"A discriminação surge da consciência da classe alta ou classe empoderada, do machismo, da consciência da pele branca. A partir desses atos conscientes se discriminam pobres, mulheres, a população LGBTI, a população indígena e afrodescendente, pequenos camponeses ou população rural", declarou Almagro. "Devemos ser outra coisa."

O encontro de três dias acontece no Centro de Convenções de Lima e contará com a presença do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, nesta quinta-feira. 

A 52ª Assembleia Geral da OEA "é realizada em um momento difícil", disse à AFP Manuel Orozco, do Diálogo Interamericano, um centro de estudos em Washington. "Blinken sabe que os países da região se distanciaram dos Estados Unidos, em parte porque seu país também não foi pró-ativo na região nos últimos anos", disse Orozco à AFP. Para ele, "o objetivo é reconstruir a confiança em vários países, como Colômbia, Peru e Chile", acrescentou.

- 'Agenda progressista da OEA' -

Os chanceleres debaterão vários projetos de resolução e de declaração, principalmente sobre a crise política e de direitos humanos na Nicarágua. Um projeto de resolução pede que o governo Ortega "restabeleça plenamente" o estado de direito.

Almagro reconheceu em entrevista coletiva que aumentaram os obstáculos para um diálogo com Ortega: "O regime distanciou-se definitivamente da organização e as dificuldades para trabalhar esses temas aumentou."

Opositores nicaraguenses instalaram em uma avenida próxima ao Centro de Convenções, sede do fórum, um grande letreiro com a imagem de uma ave e a legenda "Exigimos liberdade para mais de 205 presos políticos na Nicarágua".

- Zelensky cita Simón Bolívar -

Zelensky dirigiu-se à OEA em um vídeo pré-gravado em inglês no qual evocou os heróis da independência americana há dois séculos. "De que lado estaria Simón Bolívar na guerra que a Rússia desencadeou contra a Ucrânia? Quem José de San Martín apoiaria? Com quem Miguel Hidalgo simpatizaria? Acho que não ajudariam alguém que está saqueando um país menor", disse. 

O presidente ucraniano pediu que se condenem na Assembleia Geral "as políticas agressivas" da Rússia, e que se evitem relações comerciais com pessoas ou empresas russas. Também solicitou o apoio "das pessoas comuns", divulgando "a verdade sobre esta guerra".

Em 25 de março, a OEA pediu o fim de possíveis "crimes de guerra" na Ucrânia, em uma resolução apoiada por 28 dos 34 membros ativos do bloco regional, e em 21 de abril suspendeu a Rússia como observador permanente.

A guerra na Ucrânia deve fazer parte dos debates do conclave de três dias na capital peruana. O país anfitrião promove uma resolução para discutir a segurança alimentar no continente, ameaçado pela invasão russa à Ucrânia.

A OEA também deve examinar uma declaração sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela, afirmou o encarregado da diplomacia dos EUA nas Américas, Brian Nichols.

Onze países da OEA, entre eles México e Bolívia, impulsionam a saída do representante do líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, uma decisão que deverá ser tomada pelos Estados-membros do bloco regional, disse hoje Almagro.

Paralelamente à assembleia da OEA, Antony Blinken participará de uma reunião sobre migração, um grande problema para seu país na fronteira com o México.

Durante o dia, houve protestos de grupos conservadores, nos quais cerca de 200 pessoas gritaram palavras de ordem contra Almagro, a OEA e o presidente Castillo. "OEA, não se meta, não somos marionetes", entoaram. Manifestações semelhantes são esperadas para esta quinta-feira na capital peruana.

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© Agence France-Presse