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Pós-fascista Meloni a um passo de se tornar 1a premiê da Itália

21/10/2022 09h25

Giorgia Meloni, que obteve uma vitória histórica nas eleições legislativas italianas com seu partido pós-fascista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), deve ser oficialmente nomeada como primeira-ministra nesta sexta-feira (21), tornando-se a primeira mulher a ocupar esse cargo no país. 

Essa romana de 45 anos, que conseguiu "desdemonizar" seu partido para chegar ao poder exatamente um século depois de Mussolini, foi convocada para comparecer às 11h30 (horário de Brasília) ao Palácio do Quirinal, pelo presidente da República, Sergio Mattarella. Ele deve, então, encarregá-la de formar um governo.

Esta manhã, Meloni já se reuniu com o presidente no âmbito das consultas que antecedem a nomeação de um governo. Nesse encontro de cerca de 15 minutos, Meloni estava acompanhada de seus aliados Matteo Salvini, o líder populista da Liga Anti-imigrante, e Silvio Berlusconi, o líder em declínio do Forza Italia. Sua coalizão tem maioria absoluta na Câmara dos Deputados e no Senado.

"Estamos esperando a decisão do presidente da República e já estamos prontos. Queremos avançar o mais rápido possível", declarou Meloni após a reunião, referindo-se a um "momento importante para a nação". 

- Fissuras -

No momento em que a terceira maior economia da zona euro enfrenta, assim como seus vizinhos, uma situação econômica difícil relacionada com a crise energética e com a inflação, sua tarefa se anuncia como difícil. Além disso, ela terá de garantir a unidade de sua coligação que já apresenta fissuras.

Salvini e Berlusconi estão relutantes quanto a aceitar a autoridade de Giorgia Meloni, cujo partido obteve 26% dos votos nas eleições de 25 de setembro, contra apenas 8% do Força Itália, e 9%, da Liga. 

Uma política pró-Otan e a favor do apoio à Ucrânia contra a Rússia, Meloni teve de enfrentar esta semana as polêmicas declarações de Berlusconi, que afirmou ter-se "reconectado" com o presidente russo, Vladimir Putin, e culpou Kiev pela guerra. Na quarta-feira, Meloni se sentiu obrigada a corrigir a situação, ressaltando que a Itália faz "plenamente parte, e de cabeça erguida", da Europa e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). 

A composição de seu governo também deve refletir esse desejo de tranquilizar os parceiros de Roma. 

O ex-presidente do Parlamento Europeu Antonio Tajani, membro do Força Italia, é considerado favorito para as Relações Exteriores, e Giancarlo Giorgetti, representante da ala moderada da Liga, já ministro do governo em final de mandato de Mario Draghi, para a Economia. 

Oradora de talento e uma cristã conservadora hostil aos direitos LGBT+, que tem como lema "Deus, pátria, família", Meloni prometeu, no entanto, não tocar na lei que autoriza o aborto. 

Meloni e seus ministros poderão prestar juramento neste fim de semana antes de enfrentarem os inúmeros desafios que têm pela frente. 

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© Agence France-Presse