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Petro viaja para Venezuela para 1ª reunião com Maduro após retomada das relações

01/11/2022 14h32

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chega nesta terça-feira (1º) a Caracas para se reunir com seu homólogo venezuelano Nicolás Maduro, no primeiro encontro entre os dois presidentes desde o restabelecimento das relações depois de três anos de ruptura diplomática.

"Talvez seja o primeiro encontro entre presidentes em muitos anos, seis anos de vácuo político entre dois vizinhos, Colômbia e Venezuela", disse Petro em um aeroporto militar em Bogotá antes de partir para a capital venezuelana. 

"Obviamente, há muito o que falar depois de tanto tempo", continuou ele, "não viajo para a Venezuela há quase uma década". 

"Falaremos em uma agenda aberta, várias questões serão abordadas", como relações comerciais, migração e o reingresso da Venezuela no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, segundo adiantou seu gabinete na segunda-feira.

Desde que assumiu o poder em agosto, Petro pretende retomar as relações bilaterais, rompidas em 2019 depois que seu antecessor, Iván Duque (2018-2022), reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como "presidente encarregado" da Venezuela ao considerar a reeleição de Maduro, um ano antes, "fraudulenta". 

A visita de Petro será a primeira oficial de um presidente colombiano a Caracas em quase uma década.

- "Dignificação" da migração -

Uma das primeiras grandes decisões na reaproximação Caracas-Bogotá foi a reabertura da fronteira binacional de 2.200 km para o transporte de mercadorias em setembro, com passagem restrita desde 2015 e totalmente bloqueada desde 2019. 

Ao longo do caminho, o comércio entre Venezuela e Colômbia, que atingiu 7,2 bilhões de dólares por ano há 14 anos, despencou para 400 milhões em 2021. A Câmara de Integração Colombiana-Venezuelana (CAVECOL) estima que a retomada do trânsito fronteiriço poderia ajudar a atingir 1,2 bilhão de dólares este ano.

Petro também especificou que abordará com Maduro "a dignificação das migrações tanto de colombianos na Venezuela, que são milhões, quanto de venezuelanos na Colômbia". 

Mais de 7 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2014, segundo a ONU, e cerca de 2,5 milhões estão na Colômbia, como parte de uma política de braços abertos de Duque com a migração maciça venezuelana, que fez parte de seu apoio a Guaidó. 

"Petro decide hoje visitar o ditador Maduro e chamá-lo de 'presidente', uma ação que pode normalizar perigosamente as violações de direitos humanos que apontam Maduro como responsável pela cadeia de comando e pela pior crise migratória do mundo", criticou Guaidó no Twitter. 

- Vitórias da esquerda -

Petro disse que "assuntos da agenda mais americana" também serão abordados. "A questão da floresta amazônica, a questão da construção democrática da América, com as mudanças políticas que estão ocorrendo e que, na minha opinião e é minha proposta, devem consistir no fortalecimento do Sistema Interamericano de Direitos Humanos", apontou. 

Os triunfos da esquerda na região, por sua vez, melhoram o cenário político internacional para Maduro. 

O presidente venezuelano disse nesta segunda-feira que conversou por telefone com o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para "retomar a agenda de cooperação binacional", semiparalisada durante o governo de Jair Bolsonaro. 

As relações com Argentina e Peru também se normalizaram com a chegada de governantes de esquerda em seus países.

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© Agence France-Presse