Topo

Maduro e oposição venezuelana retomam negociações

26/11/2022 10h21

O governo de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana retomarão, neste sábado (26), as negociações no México, após 15 meses de interrupção, com o objetivo de realizar eleições "livres" e suspender as sanções impostas pelos Estados Unidos. 

Ao chegar à Cidade do México, onde as negociações serão formalmente retomadas, o principal negociador do governo venezuelano, Jorge Rodríguez, reiterou à imprensa que um dos objetivos desta rodada é "assinar um amplo acordo com um setor da oposição venezuelana". 

Ele se referiu a um pacto que liberaria recursos venezuelanos bloqueados no exterior, como o governo havia adiantado, sem especificar onde estão localizados ou seu valor. 

O dinheiro serviria, entre outras coisas, para aliviar o colapso dos serviços básicos em um país onde a pobreza atinge oito em cada dez pessoas, segundo a Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), um estudo publicado em 10 de novembro. 

A crise política e econômica forçou cerca de sete milhões de venezuelanos a emigrar, segundo as Nações Unidas.

- "Defender a paz" -

A delegação também chega ao México para "cumprir seu papel de defender a paz, o direito que temos (...) de viver em paz", acrescentou Rodríguez - presidente da Assembleia Legislativa Nacional - em um hangar militar no aeroporto da capital junto com sua equipe de negociação. 

Maduro exige principalmente o levantamento das sanções dos EUA ao governo venezuelano, que incluem um embargo de petróleo e o bloqueio de bens. 

A chegada dos representantes da opositora Plataforma Unitária, que aspira a soluções para a "crise humanitária, respeito aos direitos humanos (...) e principalmente" garantias de "eleições livres e observáveis", ainda não foi noticiada. 

No entanto, uma fonte ligada ao processo disse à AFP que ainda não há consenso sobre as próximas eleições, que em teoria deveriam ser realizadas em 2024, e suas condições.

A oposição acusa Maduro de ter se reeleito de forma fraudulenta em 2018. Os Estados Unidos e os países europeus também não reconheceram essas eleições. 

Com base nessa denúncia e invocando seu status de líder do Parlamento, o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em 2019 com o apoio de cinquenta países, liderados pelos Estados Unidos. 

Mas desde então sua liderança perdeu força, assim como seu poder de convocação. Isso, somado às mudanças em nível internacional e à aproximação entre o governo de Maduro e os Estados Unidos, deu impulso ao herdeiro do presidente Hugo Chávez, falecido em 2013.

bur-axm/erc/gm/bur-mr/es/aa

© Agence France-Presse