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Júri da Califórnia decide futuro de Harvey Weinstein, acusado de abuso sexual

02/12/2022 20h02

Um júri de Los Angeles entrou em deliberações nesta sexta-feira (2) para decidir o destino do ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein, que enfrenta acusações adicionais de agressão sexual que podem colocá-lo atrás das grades pelo resto da vida.

Se condenado, o homem que já foi um dos mais poderosos de Hollywood pode ser condenado a mais 140 anos de prisão.

O produtor de 70 anos enfrenta sete acusações, incluindo estupro e sexo oral forçado em mulheres em hotéis em Beverly Hills e Los Angeles entre 2004 e 2013. Weinstein se declarou inocente.

Durante um mês, os doze jurados ouviram depoimentos de mulheres que acusaram o magnata do cinema de encurralá-las em quartos de hotel.

As mulheres, incluindo a primeira-dama da Califórnia, Jennifer Siebel-Newsom, detalharam encontros sexuais que ocorreram contra sua vontade e sob coerção física ou psicológica.

Várias das denunciantes choraram durante o depoimento, alegando que imploraram a Weinstein para que parasse enquanto ele as tocava ou as forçava a praticar sexo oral nele ou vê-lo se masturbar.

Elas alegaram ter permanecido em silêncio por medo de retaliação devido ao poder de Weinstein.

A promotoria o caracterizou como um predador que usava sua influência para pressionar e abusar impunemente de mulheres, aproveitando-se também de seu tamanho físico para intimidá-las.

A defesa contestou que os relacionamentos de Weinstein foram consensuais e focados na ideia de que todos os encontros eram transacionais, com mulheres que buscavam uma oportunidade na competitiva indústria cinematográfica, na qual ele reinou por muitos anos.

- "Poderoso" -

O produtor de sucessos do cinema como "O Artista" ou "Gênio Indomável" cumpre pena de 23 anos de prisão em Nova York desde 2020, também por estupro e agressão sexual, um veredicto que se tornou um marco para o movimento #MeToo.

"É hora de acabar com o reinado de terror do réu", disse a promotora Marlene Martinez na quinta-feira como parte de seus argumentos finais.

"Estamos cientes da conduta do réu", acrescentou Martinez. "Ele achava que era tão poderoso que as pessoas podiam desculpar seu comportamento (...) Harvey sendo Harvey. Isso é Hollywood, e foi isso que muitas pessoas fizeram por muito tempo. Todo mundo olhou para o outro lado".

Nesta sexta-feira, ao apresentar seus argumentos finais, a defesa disse que a promotoria não apresentou provas de que os encontros sexuais entre Weinstein e seus acusadores não foram consensuais.

Segundo os advogados de Weinstein, o caso apresentado pela acusação se define com um frase: "Confie na minha palavra".

O advogado de defesa Alan Jackson classificou as mulheres que se sentaram diante do júri de mentirosas ou como pessoas que no passado buscaram impulsionar suas carreiras por meio de contatos íntimos.

Em sua oratória, Jackson dedicou uma menção separada à primeira-dama da Califórnia.

Siebel-Newsom testemunhou ter se encontrado com Weinstein em 2005 para falar sobre sua possível incursão em Hollywood, mas em troca foi violentada pelo magnata do cinema.

"[Siebel-Newsom] não consegue colocar na cabeça que, apesar de ser uma mulher refinada, bem-educada, ela fez sexo consensual com Harvey Weinstein em troca de uma oportunidade", disse Jackson.

"Arrependimento não é estupro. Você não tem o direito de reescrever sua história, independentemente de com quem se casou", acrescentou, em referência ao marido de Siebel-Newsom, o governador da Califórnia e político democrata Gavin Newsom.

Detalhes íntimos e sobre a fisionomia de Weinstein foram expostos durante os depoimentos, observados em silêncio pelo homem responsável por promover carreiras como as de Matt Damon ou Ben Affleck.

O ex-produtor não depôs em sua defesa.

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© Agence France-Presse