Mineradora BHP responderá na Justiça britânica por desastre em Mariana
A Justiça do Reino Unido examinará, a partir de 2024, uma ação coletiva que reivindica bilhões de libras da mineradora australiana BHP por sua responsabilidade no rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, Minas Gerais, que deixou 19 mortos em 2015, informaram fontes vinculadas ao processo nesta quinta-feira (22).
O grupo BHP está na mira porque era coproprietário, junto com a brasileira Vale, da mineradora Samarco, que administrava a barragem de rejeitos de minério de ferro que se rompeu em 5 de novembro de 2015.
Este evento provocou um desastre, considerado como a pior tragédia ambiental do Brasil.
Mais de 200.000 demandantes, entre ele o povo indígena Krenak, fazem parte desta ação, segundo o escritório de advocacia Pogust Goodhead, responsável por sua defesa, enquanto um número equivalente de clientes se prepara para ingressar nesta mesma demanda.
O escritório, que conseguiu uma vitória depois de quatro anos de procedimentos, diz que este é o maior litígio coletivo já apreciado por um tribunal de âmbito civil na Inglaterra.
No total, a quantia reivindicada à BHP por mais de 400.000 demandantes poderia superar 10 bilhões de libras (11,4 bilhões de euros), detalhou o escritório de advocacia, frente aos 5 bilhões de libras em danos estimados inicialmente quando a ação foi apresentada.
A data de início do julgamento, cujas audiências estão previstas para se estender por até oito semanas, está "marcada para 9 de abril de 2024", anunciou o Tribunal Superior de Justiça do Reino Unido em sua decisão proferida na quarta-feira e consultada pela AFP.
"Agora é o momento de evitar mais delongas e de fazer avanços substanciais na resolução da disputa", disse o juiz.
A barragem se rompeu perto da cidade de Mariana, em Minas Gerais, liberando uma gigantesca enxurrada de rejeitos e lama que soterrou por completo o distrito de Bento Rodrigues, matando 19 pessoas e deixando mais de 600 moradores desalojados.
Em seguida, o fluxo de rejeitos chegou ao Oceano Atlântico, percorrendo 650 quilômetros através do leito do rio Doce. Pelo caminho provocou a morte de milhares de animais, devastou áreas protegidas e deixou 280.000 pessoas sem água.
Trata-se de uma "decisão processual", que "não tem nada a ver com o mérito da ação no Reino Unido", reagiu nesta quinta-feira a mineradora BHP, grupo que é cotado tanto na bolsa de Londres como na de Sydney, em um comunicado enviado à AFP.
A empresa "contesta as reivindicações em sua totalidade e continuará a se defender" neste caso. Além disso, acredita que a ação é redundante com outros processos judiciais em curso no Brasil.
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