Grupo paramilitar russo Wagner reivindica captura da parte leste de Bakhmut
O grupo paramilitar russo Wagner reivindicou nesta quarta-feira (8) controlar a parte leste de Bakhmut, cidade que é o epicentro de uma batalha de extrema violência, e onde uma eventual queda deixaria o "caminho aberto" para Moscou no leste da Ucrânia, alertou o presidente Volodimir Zelensky.
"As unidades do grupo Wagner tomaram toda a parte leste de Bakhmut, tudo que está ao leste do rio Bakhmutka", afirmou o fundador do grupo, Yevgueni Prigozhin, em uma gravação divulgada por sua assessoria de comunicação.
Em um relatório publicado na terça-feira, o Instituto para os Estudos da Guerra, um grupo de analistas americanos, afirmou que as tropas russas "certamente" haviam capturado a parte leste da cidade após uma "retirada controlada" dos ucranianos.
A AFP não conseguiu confirmar o cenário com fontes independentes.
- "Caminho aberto" -
Zelensky, que havia ordenado o envio de reforços à localidade, insistiu que suas tropas estão determinadas a defender a cidade, alvo de ataques russos há vários meses.
Tive uma reunião com o chefe de gabinete e os comandantes militares (...) e todos dizem que devemos permanecer firmes em Bakhmut", afirmou Zelensky em uma entrevista ao canal CNN.
"Claro, devemos pensar nas vidas de nossos soldados, mas devemos fazer o que possível enquanto recebemos armas, suprimentos. E nosso exército se prepara para a contraofensiva", acrescentou.
As tropas russas "poderiam chegar a Kramatorsk, poderiam seguir para Sloviansk, seria um caminho aberto para os russos depois de Bakhmut", advertiu.
Esta é a batalha mais longa e violenta da guerra iniciada em fevereiro de 2022. Apesar do valor estratégico questionável da cidade, Bakhmut adquiriu grande importância simbólica e tática devido às enormes perdas de ambos os lados.
Moscou busca uma vitória emblemática que compense os reveses sofridos no fim do ano passado e que abra o caminho para a área da região do Donbass que ainda não controla.
"Esta cidade é um importante centro de defesa para as tropas ucranianas no Donbass. Capturá-la permitirá novas operações de ataque", afirmou na terça-feira o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu.
O ataque é liderado pelas tropas do grupo paramilitar Wagner, com enormes baixas, reconhecidas por Prigozhin, que acusa o comando militar em Moscou de não fornecer munições suficientes a seus homens.
Nas últimas semanas, as tropas russas avançaram de maneira paulatina e passaram a controlar os acessos norte, sul e leste da antiga cidade industrial.
- Controvérsia pelos gasodutos Nord Stream -
Kiev pretende resistir para desgastar ainda mais as forças russas antes de iniciar uma contraofensiva - depois de receber armamento pesado e tanques modernos prometidos pelo Ocidente.
Os ministros da Defesa da União Europeia se reunirão nesta quarta-feira em Estocolmo com seu colega ucraniano, Oleksiy Reznikov, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
O objetivo da reunião é preparar um plano de três fases de entregas de munições à Ucrânia para aprová-lo em 20 de março durante um encontro dos chefes da diplomacia dos 27 países do bloco.
À margem do encontro, Reznikov negou o envolvimento de Kiev na sabotagem, em setembro, dos gasodutos Nord Strem no Mar Báltico.
Com base em informações do serviço de inteligência americano, o jornal The New York Times atribuiu na terça-feira a sabotagem a um "grupo pró-Ucrânia", mas sem envolver o presidente Zelensky.
"Não é uma ação nossa", declarou Reznikov.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou as informações e disse que é "uma tentativa dos autores de desviar a atenção".
"Está claro que trata-se de um golpe midiático coordenado", afirmou Peskov, que pediu uma "investigação transparente urgente", segundo a agência de notícias Ria Novosti.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, é aguardado nesta quarta-feira em Kiev, para sua terceira visita à capital ucraniana desde o início da guerra. Ele pretende abordar a prorrogação do acordo com a Rússia para permitir as exportações de cereais
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou nesta quarta-feira que o vídeo que mostra um soldado ucraniano prisioneiro executado depois de ter gritado "Glória à Ucrânia" "parece autêntico".
bur-mca/juf/dbh/zm/fp
© Agence France-Presse
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