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Agricultores europeus mantêm bloqueios na França e levam protestos à Espanha

30/01/2024 12h59

Os sindicatos de trabalhadores rurais espanhóis anunciaram que vão aderir ao protesto celebrado na Europa, principalmente na França, onde os agricultores mantiveram o bloqueio de várias rodovias de acesso a Paris nesta terça-feira (30), antes de novos anúncios do governo.

A gama de reivindicações é extensa e depende de cada sindicato ou país: auxílio de emergência para setores em crise, alguns afetados pela seca; menos burocracia; melhor remuneração para os produtores, etc.

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No entanto, a maioria concorda em apontar as normas de produção na União Europeia, principalmente as relacionadas ao uso de pesticidas, e as importações de fora do bloco como causas potenciais de queda de receita e perda de competitividade.

A importação de "produtos agrícolas de países terceiros a preços baixos que pressionam os da UE para baixo" é um caso de "concorrência desleal", alertaram os sindicatos espanhóis ASAJA, COAG e UPA, em sua convocação a protestos "nas próximas semanas".

Em visita à Suécia, o presidente francês, Emmanuel Macron, criticou aqueles que "culpam" a UE por todos os males e alertou que muitos agricultores franceses não teriam um salário sem a Política Agrícola Comum (PAC) europeia.

No entanto, estendendo a mão, Macron reiterou sua oposição ao acordo comercial negociado desde 1999 entre a UE e o Mercosul, considerando que as normas de produção agrícola dos países sul-americanos do bloco "não são homogêneas" com as europeias.

O presidente francês, que se reunirá na quinta-feira em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também defendeu uma melhor regulação das importações de frango e cereais da Ucrânia, país em guerra desde 2022 contra a Rússia.

A poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu em junho, a revolta no setor agrário, que também foi vivenciada em Alemanha, Polônia, Romênia, Bélgica e Itália, aumenta a pressão sobre as políticas do atual mandato, como o Pacto Verde, que inclui medidas de transição ecológica na agricultura.

- 'Exceção agrícola francesa' -

Na França, epicentro dos protestos, o tradicional setor agropecuário recuou significativamente de 18,1% do PIB em 1949, durante a reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, para 2,1% em 2022, segundo dados oficiais.

A segunda maior economia da UE também perdeu, em 50 anos, três quartos de seus agricultores e criadores de gado, recorrendo cada vez mais às importações: metade do frango consumido é estrangeiro, assim como 60% das frutas.

Para tentar acalmar os ânimos, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, homenageou os trabalhadores do setor e pediu uma "exceção agrícola francesa" indefinida à Assembleia Nacional em seu primeiro discurso de política geral.

Attal, que já prometeu eliminar o aumento do diesel de uso agrícola, anunciou novas medidas, como o pagamento das subvenções da PAC até "15 de março", um reforço nas ajudas fiscais para os criadores e um plano para controlar a rastreabilidade dos produtos.

No entanto, suas medidas ainda não convencem os agricultores mobilizados desde 18 de janeiro, que bloqueiam as principais rodovias de acesso a Paris desde segunda-feira.

"Não nos moveremos (...) até que medidas de emergência concretas sejam tomadas", declarou Alice Avisse, membro do sindicato agrário majoritário FNSEA. Os agricultores, junto com seus tratores, estão preparados para passar outra noite nas estradas.

Segundo uma fonte policial, cerca de 9.000 pessoas participaram das cerca de 170 manifestações registradas na tarde desta terça-feira na França.

Embora as autoridades permitam o desenvolvimento dos protestos, estão de olho em um comboio de 200 tratores que partiu na segunda-feira do sudoeste do país a pedido do sindicato Coordenação Rural e cujo objetivo é bloquear o importante mercado atacadista de Rungis.

"Estamos completamente decepcionados [com os anúncios], mas motivados novamente pelo fato de termos sido enganados por este governo de vendedores de ilusões", disse Serge Bousquet-Cassagne, que está prestes a se juntar ao comboio, que espera chegar a Rungis na quarta-feira.

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© Agence France-Presse

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