EUA afirma que Rússia desenvolve uma arma antissatélite
Os Estados Unidos afirmaram, nesta quinta-feira (15), que a Rússia está desenvolvendo uma arma antissatélite preocupante, embora não represente uma ameaça direta para a população.
Na quarta-feira (14), o chefe do comitê de inteligência da Câmara dos Deputados, Mike Turner, chamou a atenção ao mencionar essa ameaça e exortar o presidente Joe Biden a "retirar o sigilo de todas as informações" sobre o assunto.
"Posso confirmar que está relacionado a uma capacidade antissatélite que a Rússia desenvolveu", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a repórteres.
"Não se trata de uma capacidade ativa que tenha sido implantada. E embora a busca da Rússia por essa capacidade específica seja preocupante, não há ameaça imediata para a segurança de ninguém", disse.
"Não estamos falando de uma arma que possa ser usada para atacar pessoas ou causar destruição física aqui na Terra", acrescentou, mas isso não impede que os Estados Unidos acompanhem "de perto" essa atividade russa e a levem "muito a sério".
Biden ordenou que se iniciem "contatos diplomáticos diretos" com a Rússia, mas ainda não ocorreu nenhum, disse Kirby.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em visita à Albânia, não quis dar detalhes sobre a ameaça, mas afirmou que ainda é "potencial".
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, se reuniu nesta quinta-feira a portas fechadas com líderes do Congresso para falar do caso.
As declarações de Turner na quarta-feira foram surpreendentes.
É muito raro que funcionários do alto escalão do governo com acesso a informações de inteligência divulguem publicamente assuntos em andamento, a menos que haja um risco para a população.
Os congressistas não têm permissão para divulgar informações classificadas que lhes são fornecidas.
Em uma tentativa de evitar pânico, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, reagiu dizendo que "não há motivo para alarme".
- Alegações "infundadas" -
A Rússia considerou as alegações como "infundadas" e considerou que as mesmas são uma manobra do governo americano para forçar a aprovação de um pacote de ajuda à Ucrânia, que está bloqueado no Congresso há meses.
"Repetimos constantemente que não responderemos às diferentes acusações infundadas. Se fizerem declarações, deveriam ser acompanhadas de provas", disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, às agências de imprensa russas.
"Isto faz parte da tendência dos últimos dez anos em que os americanos se dedicam a invenções maléficas e nos atribuem todo tipo de ações ou intenções que não lhes convêm", acrescentou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também reagiu. "Está evidente que a Casa Branca tenta incitar o Congresso a aprovar a lei de financiamento. Veremos que truque usará", declarou.
O Senado americano, de maioria democrata, aprovou um novo pacote de ajuda de US$ 60 bilhões (R$ 298 bilhões, na cotação atual) para Kiev, mas o líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, recusa-se a votá-lo.
O Tratado sobre o Espaço Ultraterrestre, do qual Rússia e Estados Unidos fazem parte, proíbe o envio de armas nucleares ao espaço.
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