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Exército ucraniano se retira de Avdiivka; Putin celebra 'importante vitória'

Vladimir Putin, presidente da Rússia Imagem: Gavriil Grigorov - 30.out.2023/via Reuters

17/02/2024 10h35

O exército ucraniano se retirou neste sábado (17) de Avdiivka, no leste do país, após meses de combates contra as tropas russas, que conseguiram uma "importante vitória", nas palavras do presidente russo Vladimir Putin, a quase dois anos completos desde o início da guerra.

A retirada de Avdiivka foi uma "decisão correta" para "salvar o maior número possível de vidas", explicou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.

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Os soldados ucranianos resistiam desde outubro, em inferioridade numérica e material, aos ataques russos contra esta localidade na bacia mineira de Donbas, onde a situação havia se tornado especialmente crítica nos últimos dias.

"Em uma situação em que o inimigo avança sobre os cadáveres de seus próprios soldados e tem dez vezes mais obuses (...), esta é a única solução boa", justificou o general Oleksander Tarnavski, que comanda as tropas de Kiev na região.

Trata-se do maior revés ucraniano desde a contraofensiva fracassada lançada por Kiev no verão boreal para recuperar territórios conquistados por Moscou desde o início da invasão da ex-república soviética em fevereiro de 2022.

Constitui também um fortalecimento do poder de Putin, que busca uma vitória contundente nas eleições presidenciais de março, que não contarão com nenhum candidato opositor.

Putin "parabenizou nossos militares e combatentes por essa importante vitória, por esse sucesso", informou à noite o porta-voz do presidente, Dmitri Peskov.

"A decisão correta"

A retirada de Avdiivka é a primeira grande decisão militar desde a nomeação de um novo comandante-chefe, Oleksander Sirski, em 8 de fevereiro.

"Nossos soldados cumpriram seu dever militar com dignidade, fizeram todo o possível para destruir as melhores unidades militares russas e infligir perdas significativas ao inimigo", acrescentou.

Antes de oficializar a retirada da cidade, Tarnavski reconheceu que "vários soldados" ucranianos foram "capturados" pela forças russas.

Um militar ucraniano mobilizado no front declarou à AFP que a retirada de Avdiivka era necessária.

"Foi a decisão correta considerando a falta de armas e mísseis de artilharia, já que se não salvarmos as vidas de nossos soldados, logo não teremos ninguém para lutar", declarou sob anonimato à AFP.

Avdiivka, onde viviam cerca de 34.000 pessoas antes do início da guerra, se tornou um símbolo da resistência das forças de Kiev.

Apesar de estar em grande parte destruída, cerca de 900 civis ainda permanecem lá, segundo autoridades locais. A Rússia espera que sua tomada dificulte os bombardeios ucranianos sobre Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos do leste da Ucrânia que controlam a região desde 2014.

Zelensky lamentou neste sábado a falta de munições e armas de longo alcance no seu exército, em um momento em que a ajuda militar à Ucrânia está ameaçada por disputas políticas nos Estados Unidos.

"Jogos políticos" nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou a "inação" do Congresso de seu país pela queda de Avdiivka, enquanto os republicanos bloqueiam um pacote de ajuda militar de 60 bilhões de dólares (R$ 298 bilhões) para a Ucrânia.

"Não podemos nos dar ao luxo de brincar com jogos políticos. A política não tem papel algum no que está em jogo", declarou a vice-presidente Kamala Harris durante a Conferência de Segurança de Munique ao lado de Zelensky, que descreveu a ajuda americana como "vital".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, pediu aos Estados Unidos que cumpram com "o prometido" à Ucrânia.

"É vital e urgente que os Estados Unidos tomem uma decisão sobre uma série de medidas para a Ucrânia, porque eles precisam desse apoio", afirmou.

Zelensky assinou na sexta-feira acordos bilaterais de segurança com Alemanha e França na tentativa de mitigar o risco de ter uma redução substancial no apoio material dos Estados Unidos.

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