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Israel está decidido a entrar em Rafah, com negociações de trégua com Hamas paradas

17/02/2024 18h59

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que desistir de atacar Rafah, no sul de Gaza, significaria "perder a guerra" contra o Hamas, com o qual os últimos contatos visando uma trégua "não foram muito promissores", segundo o Catar, um dos mediadores.

Rafah, no extremo sul de Gaza, é o último grande centro populacional do estreito território que não foi invadido pelas tropas israelenses.

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Aproximadamente 1,4 milhão de palestinos se refugiaram na localidade fugindo dos bombardeios israelenses no restante do território e agora vivem em acampamentos precários ao longo da fronteira fechada com o Egito.

Diante de uma possível ofensiva em Rafah, os três mediadores do conflito, Estados Unidos, Catar e Egito, intensificaram nesta semana os esforços para alcançar um cessar-fogo.

Mas apesar das advertências da comunidade internacional, Netanyahu insiste que o exército entrará na localidade, mesmo se um acordo com o movimento islamista para libertar os reféns capturados em 7 de outubro em Israel for alcançado.

"Mesmo que consigamos, entraremos em Rafah", declarou em uma coletiva de imprensa transmitida pela televisão.

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, que se reuniu esta semana com ambas as partes do conflito, alertou que os esforços por uma trégua foram prejudicados pela insistência de "muitos países" de que um cessar-fogo deve incluir mais libertações de reféns.

"Os padrões dos últimos dias não foram muito promissores", admitiu durante a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.

- Hamas ameaça deixar negociações -

A guerra eclodiu em 7 de outubro, depois que o Hamas se infiltrou no sul de Israel, deixando 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em dados oficiais israelenses.

Os combatentes islamistas também capturaram 250 pessoas, das quais 105 foram trocadas por 240 prisioneiros palestinos em uma trégua de uma semana no final de novembro. Israel afirma que 130 pessoas permanecem detidas e que 30 delas morreram em cativeiro.

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 28.858 mortos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o enclave desde 2007.

O conflito devastou grande parte desse território e obrigou 1,7 milhão de pessoas, quase 80% da população, a deixar suas casas, segundo a ONU.

Israel também impôs um cerco "total" que causa escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível.

O Hamas ameaçou sair das conversações a menos que mais ajuda humanitária entre no norte do território, onde as ONGs alertaram sobre o risco de fome.

"Não podemos negociar enquanto a fome assola o povo palestino", disse à AFP uma fonte do grupo, que pediu para não ser identificada, já que não está autorizada a falar sobre o assunto.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, reiterou as demandas do movimento, que incluem um cessar-fogo, a retirada do exército israelense, o levantamento do bloqueio e a garantia de um refúgio seguro para os deslocados.

No norte de Gaza, após o ataque das tropas israelenses, muitos palestinos lutam contra a fome e o desespero os leva até a triturar ração animal para fazer farinha.

"Vamos morrer de fome, não por bombas ou mísseis", declarou Mohamed Nasar, de 50 anos, de Jabalia, no norte de Gaza.

- Pacientes presos -

Netanyahu também rejeita as iniciativas de alguns governos ocidentais para o reconhecimento unilateral de um Estado palestino, sem esperar por um acordo de paz negociado entre as partes.

"Depois da terrível massacre de 7 de outubro, não pode haver recompensa maior para o terrorismo do que essa, e isso impedirá qualquer acordo de paz futuro", afirmou.

Milhares de israelenses protestaram neste sábado em Tel Aviv, acusando seu governo de abandonar os reféns.

O governo tem "as mãos manchadas de sangue", gritaram alguns dos manifestantes, insistindo na importância das negociações.

Israel anunciou a detenção de 100 suspeitos envolvidos em atividades "terroristas" durante uma operação militar no hospital Nasser, de Khan Yunis, um dos principais de Gaza.

A incursão aumentou o temor pelos pacientes e funcionários presos no Nasser, um dos últimos centros médicos ainda em funcionamento.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 120 pacientes e cinco equipes médicas estão presos sem água, comida ou eletricidade nesse hospital.

Os combates nas proximidades causaram cortes de eletricidade que pararam os geradores.

Como resultado, seis pacientes morreram por falta de oxigênio, disse o ministério, acrescentando que também "há recém-nascidos em risco de morte".

O exército israelense entrou no hospital na quinta-feira, alegando ter recebido "informações críveis" de que reféns capturados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro estavam detidos lá e que poderia haver corpos de alguns sequestrados mortos.

Israel acusa o Hamas de operar a partir de hospitais, algo negado pelo movimento palestino, que é considerado uma organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

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© Agence France-Presse

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