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Ex-mulher de líder do EI é acusada de crime contra a humanidade na França

27/04/2024 20h24

A ex-mulher de um líder do grupo extremista Estado Islâmico (EI) foi acusada na França de crime contra a humanidade e genocídio por supostamente escravizar uma menor yazidi na Síria, informaram fontes judiciais e pessoas ligadas ao caso neste sábado (27).

A vítima hoje tem 25 anos, mas tinha 16 quando foi comprada por Abdelnasser Benyoucef, conhecido como "Abu Moutana" e que então era chefe das operações exteriores do EI.

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Segundo dados da investigação, revelados neste sábado pelo jornal Le Parisien e dos quais a AFP teve conhecimento, a yazidi denunciou um padrão diário de maus-tratos em uma audiência realizada em fevereiro na cidade iraquiana de Erbil.

A mulher conta que foi sequestrada durante mais de um mês na primavera de 2015. Ela não podia beber, comer ou tomar banho sem autorização da acusada, identificada como Sonia M.

A jovem também denunciou que a ex-mulher retornada da Síria a agrediu em duas ocasiões e que ela sabia que seu marido a violentava.

Interrogada e denunciada em 14 de março por um juiz de instrução antiterrorista, Sonia M. respondeu que não havia cometido nenhum abuso contra ela e denunciou "um único estupro" de seu ex-marido.

A adolescente "saía livremente de seu quarto, comia o que queria, ia ao banheiro quando precisava", contou em seu interrogatório, do qual a AFP teve conhecimento.

A jovem havia sido sequestrada em agosto de 2014, quando o EI conquistou o Monte Sinjar, lar histórico no norte do Iraque da minoria yazidi, uma comunidade que pratica uma religião esotérica monoteísta considerada herege pelo grupo jihadista.

Milhares de homens membros desta comunidade foram massacrados e as mulheres, sequestradas e vendidas como "esposas" ou escravas aos jihadistas, atos catalogados como genocídio por vários países e organizações internacionais.

Sonia M. assegurou que seu marido não havia lhe "pedido opinião" na hora de comprar a menor. "Ele me disse que seria, não gosto de dizer esta palavra, sua escrava, que era um direito que haviam lhe dado e que eu não podia contradizê-lo, que era uma ordem divina", contou.

O juiz de instrução, que inicialmente a havia denunciado como cúmplice, acabou acusando-a como autora, segundo reivindicações do Ministério Público Nacional Antiterrorista.

Se chegar aos tribunais, o caso será "o primeiro processo de um retornado (da Síria) por crime contra a humanidade", disse o advogado da vítima, Romain Ruiz.

clw/mat/or/clr/sag/dbh/arm/mvv

© Agence France-Presse

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