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Ajudas e doações são distribuídas no sul, que aguarda mais chuvas

07/05/2024 15h00

O drama das enchentes piorou nesta terça-feira (7) em Porto Alegre e em centenas de outras cidades do sul do país, onde a ajuda humanitária começa a chegar em meio à falta de água e novos alertas de tempestade nos próximos dias.

A pior catástrofe climática na história do Rio Grande do Sul já deixou 95 mortos, 131 desaparecidos e 372 feridos, de acordo com a Defesa Civil.

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"Os números vão se elevando, mas infelizmente ainda projetamos que ainda tenham um grau elevado de imprecisão na medida em que estamos ainda vivendo a emergência", disse, durante coletiva de imprensa, o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB).

Serão destinados R$ 200 milhões para atender a emergência, acrescentou o governador.

Em mais de 400 municípios afetados, incluindo a capital, Porto Alegre, cerca de 160 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido às inundações provocadas pelo transbordamento de rios após as fortes chuvas.

Nesta terça-feira, carregamentos de ajuda e doações de todo o país chegaram à capital gaúcha, onde "a demanda mais urgente no momento é água", destacou a tenente da Defesa Civil, Sabrina Ribas, em coletiva de imprensa.

"Estou no limite. Deus me livre de ficar sem água", declarou à AFP Elizabeth, uma mulher de 67 anos, enquanto enche baldes de cinco litros em uma das poucas torneiras disponíveis na cidade de Alvorada, a oeste de Porto Alegre.

Apenas duas das seis estações de tratamento de água estão funcionando, após uma delas ser religada, segundo a prefeitura da capital, onde foi decretado o racionamento de água.

"Não há previsão de normalização do sistema", informou o município.

Em uma "operação de guerra", a Marinha brasileira enviará na quarta-feira para o Rio Grande do Sul seu navio "Atlântico", o maior da América Latina, com duas estações móveis de tratamento de água.

- 'Quem precisa, come' -

Em um bairro de Canoas, cidade próxima a Porto Alegre, os barcos navegam de um lado para o outro resgatando aqueles que decidiram ficar em suas casas até o último momento ou não puderam ser evacuados anteriormente.

Um grupo de vizinhos se abriga sob um toldo improvisado. Parado ao lado de uma grande panela de comida, Altamir Postal, de 51 anos, explica que todos os alimentos são provenientes de doações. "Quem precisa, come", diz.

Segundo este contador, a água baixou desde a véspera, mas, a poucos metros dali, o mau cheiro das águas da enchente lembra que a tragédia ainda não acabou.

Na região, cerca de 15 mil militares, bombeiros, policiais e voluntários trabalham para resgatar as vítimas em aeronaves, embarcações e veículos de todos os tipos.

A logística para distribuir água e suprimentos é incessante, com "helicópteros chegando e saindo para atender refúgios especialmente nos municípios que colapsaram, enquanto as forças trabalham muito intensamente pra desobstrução das vias", detalhou Ribas, da Defesa Civil.

O presidente Luiz Inácio Lula de Silva informou que um fundo "emergencial vai ser liberado a partir de hoje" para "os primeiros socorros".

Embora tenha afirmado que "ainda não tem noção dos estragos", ele reforçou que "não haverá falta de recursos para atender a necessidade do Rio Grande do Sul".

Além disso, se as chuvas atrasarem as colheitas na região, será preciso importar arroz e feijão para evitar aumentos de preços, advertiu Lula.

- Solidariedade -

Países como Uruguai e Argentina contribuíram ou disponibilizaram equipamentos de resgate e pessoal especializado.

Equipes humanitárias de uma dezena de estados estão colaborando na operação, informou o governador.

Famosos também estão contribuindo, como Neymar, que enviou um avião com doações, segundo uma publicação no Instagram. "Tô aqui de longe orando pra que tudo volte ao normal", escreveu o jogador de futebol.

- Mais chuvas -

Em meio ao cenário de destruição, as previsões meteorológicas apontam que a situação ainda pode piorar.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para tempestades de "grande perigo" no extremo sul do estado até a quarta-feira, com chuvas intensas, ventos e possivelmente granizo.

Além de baixas temperaturas, são esperadas "pancadas de chuvas" no centro e norte do estado, que até sexta-feira e sábado, poderiam "prejudicar os trabalhos" de resgate, disse a meteorologista Cátia Valente.

O nível do rio Guaíba, na capital e região metropolitana, continuava nesta terça-feira acima do recorde, em 5,28 metros.

As estruturas de cinco barragens correm risco de colapso, segundo o governo.

Imagens de satélite ilustraram "que a enchente mudou o mapa da região metropolitana" de Porto Alegre, descreveu o site especializado MetSul.

- Segurança reforçada -

Além das ações de resgate e realocação das famílias, autoridades locais tentam garantir a segurança, em meio a denúncias de furtos de casas e do temor de saques em áreas de Porto Alegre e região metropolitana.

Por isso, cerca de mil policiais foram mobilizados em todo o estado e foi pedido o reforço de outras forças, disse Leite.

Além disso, a Secretaria da Segurança Pública tenta impedir ainda a propagação de desinformação sobre a tragédia e afirmou que responsabilizará quem o fizer com "todo o rigor possível".

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© Agence France-Presse

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